São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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Professor universitário perdeu amigos quando virou nudista

DO ENVIADO ESPECIAL

Para organizar a praia de Tambaba e estabelecer regras existe a Sonata (Sociedade Naturista de Tambaba). O presidente da entidade é o professor universitário José Nilton da Silva, 53, que dá aulas de folclore na UFPB (Universidade Federal da Paraíba).
Silva falou à Folha sobre o naturismo, prática pouco difundida no Brasil.
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Folha - Como o sr. teve contato com o naturismo?
José Nilton da Silva - O naturismo para mim sempre existiu. Já praticava o nu em praias desertas. Em 1991 foi liberada a prática do naturismo e houve a realização do 2º Congresso de Naturismo do Brasil.
Folha - Quais dificuldades o naturismo enfrenta na Paraíba?
Silva - Veja, 80% da população de Conde é evangélica. Eles condenam quem vem para cá, mas não atrapalham. As nossas placas de sinalização são destruídas, ninguém sabe como elas somem. As pessoas têm de entender que Tambaba traz desenvolvimento, traz benefícios.
Folha - Que tipo de benefícios?
Silva - Ora, existem 15 pousadas. Nessas pousadas vêm naturistas. Eles trazem dinheiro.
Folha - Por que o sr. acha que o naturismo está crescendo?
Silva - Porque as revistas e a TV já estão abrindo espaço para mostrar o naturismo como ele é de fato, como uma filosofia de vida preocupada com a preservação do meio ambiente.
Folha - Como a universidade encara o senhor?
Silva - Eu acho que a universidade tem dificuldade de aceitar o naturismo. Já perdi amigos, aguentei gozações, mas já fiz novas amizades.
Folha - Como funciona e o que faz a Sonata?
Silva - Nós falamos de preservação da natureza e nós a fazemos. Afinal, nós pagamos a limpeza, guardas, placas. A prefeitura promete, mas não faz nada. O prefeito que saiu disse que Tambaba não traz nada.
Folha - Defina Tambaba.
Silva - Tambaba é o local onde as pessoas entendem o naturismo como a melhor forma de viver, despidas tanto das roupas quanto dos preconceitos.
Como dizia Luz del Fuego: "Para quem tem fome, o pão; para quem tem sede, a água; para a imoralidade, o nu".

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