São Paulo, terça-feira, 7 de janeiro de 1997
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Violência aumentou em todo o país

DANIELA FALCÃO
WILLIAM FRANÇA

DANIELA FALCÃO; WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A violência contra homossexuais aumentou em todo o país no ano passado e atingiu até Brasília, que era considerada uma das cidades mais seguras para gays e lésbicas no Brasil.
Entre 80 e 95, 1.254 homossexuais foram assassinados no país -uma média de 84 mortes por ano ou 1 a cada quatro dias. Só nos primeiros nove meses de 96, o número de vítimas foi de 80. Ou seja uma morte a cada três dias.
Tradicionalmente, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Paraíba vinham se destacando como os Estados mais violentos. O levantamento foi feito pela ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis).
Em Brasília, a violência contra gays em 96 superou todas as estatísticas da Polícia Civil de anos anteriores. De janeiro a julho, oito homossexuais foram assassinados, e um ainda está desaparecido.
Entre 80 e 95, haviam sido registrados apenas 16 assassinatos.
Preocupada com a crescente violência, a Polícia Civil lançou em julho uma cartilha de alerta aos homossexuais. Os grupos gays assumiram a distribuição em todos os pontos de encontro da cidade.
A maioria das dez vítimas brasilienses era de classe média alta, tinha diploma universitário e foi assassinada por garotos de programas -muitos deles soldados do Exército que viraram michês para complementar a renda.
A brutalidade com que duas das vítimas foram assassinadas chocou a polícia: os corpos do astrólogo George Shalders, 48, e do tenente do Exército Izaac Pereira Gomes, 23, foram encontrados carbonizados em terrenos baldios do Setor Militar Urbano.
Segundo perícia do IML (Instituto Médico Legal), os dois teriam sido queimados em temperatura superior a 600°C.
O assassinato do desempregado Luciano S., 22, foi outro crime que chamou a atenção da polícia. Luciano foi morto a facadas em 10 junho. Seu corpo estava mutilado e havia sinais de tortura.

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