São Paulo, quarta-feira, 8 de janeiro de 1997 |
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Cartilha sobre sexo causa polêmica
HENRIQUE SKUJIS
A apostila, que custou cerca de R$ 250 mil, é dirigida a jovens da 5ª a 8ª série do 1º grau e do 2º grau. Foi elaborada para prevenir a disseminação da Aids e de doenças sexualmente transmissíveis, além de evitar a gravidez não-desejada. Cerca de 2.000 escolas estaduais estão recebendo a cartilha. Apesar de a maioria dos especialistas aprovar o manual, o material recebeu críticas. Segundo a antropóloga Lúcia Alckmin a apostila é inadequada. Ela, junto com a pediatra Anelise Alckmin e o Instituto Mulher Criança Sociedade, está compondo uma cartilha para substituí-la. Salvadora da humanidade Para Lúcia, o texto é popularesco e traz "erros biológicos e antropológicos". "Faltou falar da parte emotiva do sexo e dizer que a camisinha não é 100% eficaz, não é a salvadora da humanidade", disse. Já a presidente da Apta (Associação para Prevenção e Tratamento da Aids), Teresinha Cristina Reis Pinto, 39, afirma que "o principal mérito da cartilha é justamente dar uma visão romântica ao sexo". Camila Peres, 33, coordenadora da cartilha, explica que a linguagem usada é a dos jovens das escolas estaduais. A psicóloga Roseli Sayão aprovou a cartilha, mas também acredita que faltou enfatizar que a camisinha não é totalmente segura. "Hoje não se fala mais em sexo seguro, mas em sexo mais seguro." Alteração sexual Anelise Alckmin discorda do tratamento "natural" que a cartilha dá ao homossexualismo, que, segundo ela, é uma "alteração". Carmen Lúcia Penteado, presidente do Instituto de Estudos Mulher Criança Sociedade, afirma que a cartilha ensina que a Aids não é transmitida pela droga, mas pela seringa. "Esquecem que as drogas também matam", reclama. A coordenadora Camila Peres rebate: "a cartilha apenas ensina como evitar a contaminação através da droga e recomenda tratamento ao drogado". Ela disse que uma carta do Centro de Estudos da Aids da Califórnia (EUA) avaliou a cartilha como uma das melhores do mundo. Márcia Antoniazzi, 44, diretora da escola estadual Jacomo Stavari, na Freguesia do Ó, disse que "uns professores gostaram da cartilha, e outros a acharam muito moderninha". Além da cartilha, a escola vai usar outros materiais. A vice-diretora da escola estadual Arnaldo Barreto, no Tremembé, Maria Clarice Costa, 44, garante que quem teve contato com a cartilha aprovou o material. Texto Anterior: Alfabetização para adultos é vetada Índice |
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