São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Perueiros vão driblar bloqueios

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Motoristas de lotações que transportam os turistas de um dia -comumente chamados de "farofeiros"- às praias nos finais de semana estão se preparando para escapar dos bloqueios policiais que serão montados nas rodovias que dão acesso aos principais balneários do litoral paulista.
A estratégia mais utilizada será o desvio das barreiras. Outra opção é levar o paulistano ávido por um lugar ao sol a municípios que não participam da ofensiva contra esse tipo de turismo.
Esta semana, a prefeitura de Santos estipulou uma taxa de 2.500 Ufirs (R$ 2.277) por ônibus, vans ou Kombis de turismo que queiram entrar no município.
Em Bertioga, a prefeitura está fazendo desde o último final de semana uma superblitz nas rodovias que dão acesso à cidade. São montadas barreiras nos trevos da Mogi-Bertioga e da Rio-Santos para "orientar as lotações e ônibus a não entrarem no município", segundo a assessoria da prefeitura.
José Medeiros, 45, motorista de lotação em São Paulo há dois anos, conta que é possível desviar da polícia com facilidade. "Dá para costurar pelas ruas internas dos municípios até chegar à praia", diz.
Ele afirma conhecer caminhos que ligam São Paulo à Praia Grande que passam pelo pedágio do Sistema Anchieta-Imigrantes, mas que escapam da barreira policial. Medeiros, que cobra R$ 0,80 para transportar passageiros em São Paulo, pede R$ 15 por pessoa para ir ao litoral.
Só no último final de semana ele levou nove pessoas em sua Kombi para Santos. "Mas apertando um pouquinho cabe mais gente no possante", diz.
O dono de lotação Cléber Klaus, 26, prefere não arriscar. Assim como todas as Kombis de lotação, ele não tem autorização para o transporte coletivo de passageiros. Se for parado pela barreira policial, recebe multa, e seu veículo é apreendido.
"Prefiro ir para cidades como Mongaguá e Peruíbe (no litoral sul). É um pouco mais longe, mas pelo menos não é proibido", diz.
Segundo o chefe de comunicação social da Polícia Rodoviária Estadual, Douglas Ávila, 38, é impossível as lotações irem aos municípios do litoral pelas rodovias sem passar pelas barreiras.
"O único acesso possível é pelo trecho urbano, por caminhos que desconheço. Mas aí a responsabilidade não é nossa", diz.

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