São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Inflação de São Paulo fecha 96 em 10%

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O aumento dos combustíveis na segunda quinzena de dezembro acabou mesmo frustrando a taxa de inflação de um dígito em São Paulo.
No mês passado, os preços subiram, em média, 0,17% para os paulistanos, elevando o acumulado de 96 para 10,03%.
Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, que pesquisa preços entre as famílias com renda de até 20 salários mínimos (R$ 2.240,00) no município de São Paulo.
Na primeira quinzena de dezembro, as previsões eram de taxa zero para o mês e de evolução acumulada inferior a 10% para o ano. Mesmo assim, a taxa de 96 é a menor em 46 anos. Desde os 3,73% de 1950 que São Paulo não tinha inflação tão baixa.
A inflação acumulada de 1996 é a sexta menor em toda a história do índice da Fipe, que foi idealizado pelo escritor Mário de Andrade, quando secretário de Cultura da cidade de São Paulo.
A taxa de inflação está despencando nos últimos anos. Em 1994, os preços subiram, em média, 23,6% ao mês na cidade de São Paulo. A taxa caiu para 1,8% em 95 e ficou em apenas 0,8% no ano passado. Para 97, a Fipe prevê taxa próxima a 0,41% ao mês.
Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que combustível e alimentos foram os itens que tiveram os pesos mais importantes em dezembro.
Só os combustíveis seriam responsáveis por uma inflação de 0,34% em dezembro. A queda dos alimentos de 1,41% no mês, no entanto, puxou a inflação média para baixo.
Os contratos foram os grandes vilões da inflação em 96. O aluguel teve reajuste médio de 31,61% no período, enquanto os serviços médicos ficaram 19,75% mais caros. Já as matrículas e mensalidades escolares pesaram 33,83% mais no bolso dos paulistanos.
O índice foi afetado ainda fortemente por tarifas, diz Heron do Carmo. No ano passado, o item serviços públicos residenciais, que reflete os reajustes de tarifas, teve alta de 28,32%. No setor de transportes, os reajustes médios foram de 20,01%.
A grande dispersão mostrada no ano passado pelo índice deve diminuir em 97. Os setores de prestação de serviços (contratos e serviços médicos) não têm mais espaço para subir neste ano, diz Heron. No caso das tarifas públicas, o setor está com preços reajustados e os aumentos não devem repetir os percentuais de 96.
O pior mês de 97 deve ser janeiro. O economista da Fipe está prevendo taxa próxima a 1%, devido às pressões de alimentos (que não devem continuar caindo), IPVA e matrículas escolares.
Dieese O ICV, medido pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos), fechou dezembro com alta de 0,38%, aumento de 0,6 ponto percentual em relação ao mês anterior. No ano, a taxa de inflação ficou em 13,8%.

LEIA MAIS sobre inflação nas páginas 2-8 e 2-9

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