São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Índice de 96 é a sexta menor da história

DA REDAÇÃO

A inflação de 10,03% apurada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) foi a sexta menor taxa da história do índice da Fipe, criado há 57 anos.
Há 47 anos, desde 1950, que não era registrada taxa anual de inflação igual ou inferior a 10,03% na capital paulista.
O índice da Fipe começou a ser apurado em 1939 e a Prefeitura de São Paulo era a responsável pela pesquisa. Em 1968, a Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo assumiu a responsabilidade, repassando-a para a Fipe em 1973, quando esta foi criada.
A última POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) da Fipe foi feita pouco antes da entrada em vigor do Plano Real.
Portanto, o economista Heron do Carmo, responsável pelo Índice de Preços ao Consumidor, diz que seria ideal fazer uma nova, já que o Real trouxe mudanças no comportamento de consumo.
Além disso, a abertura da economia brasileira trouxe novos produtos, não incluídos nas listas de pesquisa das instituições que apuram índices.
Para Heron do Carmo, a inflação estável no Brasil deve trazer nova preocupação para as instituições de índices: controle de qualidade.
O economista diz que muitos preços estão estáveis, mas o produto que o consumidor está recebendo inclui novas tecnologias e, portanto, custa menos do que os anteriores.
Com base nessa análise, Heron afirma que "a inflação do Real é, com certeza, menor do que a taxa mostrada pelos índices".
Baixa renda
Nem todos os índices mostram, mas a estabilidade dos preços está favorecendo mais as classes de baixa renda. Além de aumento do poder aquisitivo, os preços estão estáveis para esses consumidores, diz Heron.
Antes, essa faixa de renda era a mais afetada, não só pela corrosão de salários, mas também pela forte aceleração mensal dos preços.
Os dados acumulados do Real mostram o ganho das classes de baixa renda. O aumento médio da inflação foi de 60,34%, de julho de 94 a dezembro de 96.
Nesse mesmo período, os alimentos subiram apenas 35,14%. Já os gastos com despesas pessoais subiram 45%, enquanto os preços no setor de vestuário estão hoje apenas 3,1% mais elevados que os de julho de 1994.
Ajustes internos e a abertura da economia foram os responsáveis pela estabilidade no setor de vestuário, diz o economista da Fipe.
Já a classe média sofreu mais os efeitos da inflação no Plano Real. Os aluguéis subiram 522% no período, enquanto os serviços médicos ficaram 123% mais caros. Nesses últimos 30 meses, as matrículas escolares tiveram reajuste de 117%.

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