São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Aposentados voltarão a ter 40% do FGTS, afirma FHC

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso anuncia hoje a sindicalistas que vai retirar da MP (medida provisória) 1.523, de outubro, o artigo que suspende o vínculo empregatício do trabalhador que solicita a aposentadoria.
Esse artigo impedia os trabalhadores de reivindicar na Justiça do Trabalho o pagamento da multa de 40% do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e do aviso prévio quando eram demitidos por causa da aposentadoria.
Alguns trabalhadores solicitavam a aposentadoria sem informar a empresa.
Eles faziam isso para esperar a aprovação do pedido sem a suspensão do recebimento do salário mensal.
Só que, nesse caso, ao ser comunicada pela Previdência Social do pedido de aposentadoria, a empresa demitia o funcionário sem pagar a multa e o aviso prévio.
Legislação
Na prática, o governo incluiu esse texto na MP para esclarecer a legislação.
É que alguns juízes interpretavam que, ao demitir o funcionário -sem justa causa-, a empresa era obrigada a pagar as indenizações.
Essa não era a interpretação da maioria dos juízes.
Grande parte das decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho eram favoráveis às empresas.
Por tal interpretação, o benefício da aposentadoria, dinheiro que sai dos cofres públicos, é dado ao trabalhador que perdeu a capacidade de exercer suas atividades normais.
Por isso, parte do funcionário a decisão de pedir a rescisão do contrato.
Muitos aposentados do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força Sindical, conseguiram receber essas indenizações.
Sindicalistas
A edição da medida provisória não agradou aos sindicalistas da central, que hoje é tratada pelo governo como uma aliada.
Por causa disso, o presidente do sindicato, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, pediu ao presidente FHC a retirada do artigo.
Em cinco encontros com FHC, a Força Sindical levou esse pleito. Por causa das críticas da central sindical, o presidente FHC pediu aos ministros para reavaliar o assunto.
O texto da MP foi discutido com o Ministério da Previdência e a equipe do governo avaliou que esse artigo não modificava as ações do ministério.
O artigo apenas iria orientar as decisões da Justiça do Trabalho.
Para selar o bom relacionamento com a Força Sindical, o presidente Fernando Henrique Cardoso vai anunciar hoje, durante o encontro com os sindicalistas, a revisão do texto, que deve ser publicado no "Diário Oficial" da União de amanhã.

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