São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Antonioni fala do banal

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ninguém, hoje, é capaz de filmar como Michelangelo Antonioni. Não se trata aqui de estabelecer o melhor ou o pior entre seu trabalho e o de outros cineastas.
O que se afirma é que tudo em Antonioni, como em "Blow Up - Depois Daquele Beijo" (exibido na TNT na madrugada de quinta para sexta, às 4h05), traz a diferença.
No filme realizado em 1966 temos a seguinte situação: um fotógrafo de moda pensa ter feito, em um parque, o retrato, a imagem de um corpo e de seu assassino. Busca então, por meio de reproduções e ampliações sucessivas, estabelecer a verdade dos fatos.
Logo, estamos diante de uma situação limite, pois seu personagem não é um homem qualquer, mas alguém que tem o domínio da técnica que, supostamente, permitiria a ele documentar os acontecimentos do mundo. Afinal, que esperança maior do que essa há na fotografia?
Mas a técnica não vence, pois estamos na terra de Antonioni, onde o ambiente é terrivelmente claustrofóbico e as pessoas sofrem da natural doença que é estar vivo.
"Blow Up" conta apenas mais um acontecimento no cotidiano desse universo de Michelangelo Antonioni. Para nós, tudo pode parecer angustiante, anormal e solitário. Para ele, é apenas mais um banal fato do dia.

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