São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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EUA emitem visto especial

GILBERTO DIMENSTEIN
DE NOVA YORK

Ao chegar em Nova York, em 1963, o médico paulista Victor Nussenzweig tinha 34 anos e um misterioso visto do governo americano em seu passaporte. Ao lado do carimbo, uma inusual faixa repleta de números.
Com um amigo diplomata, descobriu que tinha um visto especial para a entrada no país de hansenianos, prostitutas e tuberculosos.
O visto foi a forma encontrada pelos EUA para que ele pudesse entrar no país. Victor tinha ganho uma disputada bolsa Guggenheim para trabalhar com o imunologista Baruj Benacerraf, Prêmio Nobel.
Nussenzweig dissera no consulado dos EUA em São Paulo que militara no Partido Comunista Brasileiro (do qual se desligara após a invasão soviética da Hungria em 56). Visto negado.
A Guggenheim alertou o governo dos EUA sobre a importância do pesquisador, pós-graduado no Instituto Pasteur, de Paris, e Nussenzweig obteve o visto.
Com pouco dinheiro, Victor e sua mulher, Ruth, foram morar em Queens, bairro de Nova York: "Naquele tempo, a saída era tomar muita sopa", diz.
O casal planejava voltar logo ao Brasil. Veio o golpe de 64 e preferiram ficar nos EUA, onde prosperaram na Universidade de Nova York. "Um dia cheguei ao aeroporto em São Paulo e nenhuma amigo me esperava. Logo vi que as coisas estavam complicadas."
Hoje Ruth dirige o departamento de parasitologia; Victor, o de imunologia. Com apoio, verbas e assistentes para suas pesquisas sobre a vacina, puderam até recusar o cobiçado cargo de professores titulares da Faculdade de Medicina de Harvard.
(GD)

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