São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pitta herda dívida extra de R$ 700 mi

MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-prefeito Paulo Maluf deixou para o sucessor, Celso Pitta, uma dívida de R$ 700 milhões não prevista no Orçamento de 1997 e que deveria ter sido paga até 31 de dezembro de 1996.
Os R$ 200 milhões restantes são precatórios (débitos determinados por decisões judiciais) de 96 que deveriam ter sido quitados até o último dia do ano.
A decisão de não pagar os precatórios foi tomada por Maluf e comunicada a Pitta numa reunião de secretários realizada pelo então prefeito dias antes do Natal.
A Folha apurou que Pitta ficou aborrecido. O atual prefeito entende que, como as receitas para o pagamento dos precatórios haviam sido empenhadas (já reservadas) no Orçamento de 96, deveria haver recursos para quitá-los.
Não tendo sido pagas, as dívidas existentes com empreiteiras e os precatórios entraram nas contas de 1997, sob a rubrica especial "restos a pagar".
Em outras palavras: Pitta terá de quitá-las com recursos que pensava destinar a outros compromissos no início de sua gestão.
O valor supera o total previsto neste ano para duas promessas de campanha de Pitta: o projeto Cingapura e o fura-fila, para os quais o Orçamento prevê R$ 600 milhões.
Os precatórios não pagos em 96 se referem a processos judiciais encerrados até julho de 95. A maioria diz respeito a desapropriações para obras viárias.
Esses precatórios são chamados de orçamentários e devem ser pagos com as receitas de cada ano.
Estados e prefeituras também vêm pagando as dívidas judiciais acumuladas até 88.
A Constituição determinou que essas dívidas fossem separadas em oito prestações e permitiu a emissão de títulos para saldá-las.
A prefeitura pagou em setembro passado a última prestação. Para isso, em 1994 captou R$ 947 milhões em títulos emitidos no mercado por meio de uma operação que vem sendo contestada por integrantes da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada para investigar o pagamento de precatórios por Estados e municípios.
Segundo membros da CPI, a emissão da prefeitura superou em R$ 800 milhões o valor real das dívidas com precatórios. A prefeitura confirma, mas diz que a diferença foi distribuída entre um fundo de liquidez -destinado a dar garantia aos títulos emitidos- e o fluxo de caixa da prefeitura.

LEIA MAIS sobre o governo Pitta nas pags. 3-4 e 3-5

Texto Anterior: Extensões de linhas continuam
Próximo Texto: Para Freitas, ato é normal
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.