São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Gente como a gente não aguenta tanta realeza
BARBARA GANCIA
Ainda que a pesquisa tenha revelado um a cada três súditos de Sua Majestade como sendo contrário à monarquia -resultado impensável há dez anos, na era anterior aos escândalos matrimoniais protagonizados pela filharada da rainha-, os dois terços favoráveis continuam pedindo a Deus que salve a rainha e seu clã de clones de tampax, princesas bulímicas e ruivas fogosas. Tradição, religião e, sobretudo, um inesgotável fascínio pela mística da casa real são alguns dos fatores que fazem membros de todas as castas da sociedade britânica se curvarem à monarquia. Pouco importa quantas gravações telefônicas entre Charles e sua amante venham a público, quantas estocadas maquiavélicas a princesa Diana promova contra seu ex-marido ou quantos dedos do pé da duquesa de York tenham sido chupados na frente de paparazzi: todo britânico tem um contemporâneo entre os membros da família real. E, como tal, ele se torna reverente. Nasce e cresce sob a impressão de pertencer à família que governou um império no qual o sol nunca se punha. Antes de se casar com Andrew, terceiro filho da rainha, Sarah Fergusson era uma dessas plebéias reverentes: em seu livro "My Story" (não confundir com "Toy Story"), recém-lançado pela Simon and Schuster, ela confessa ter sido, na infância, grande admiradora da rainha Victoria. Isso é mais ou menos o mesmo que um adolescente tapuia se declarar fã ardoroso de Pedro 2º. Cheio de humor, ao contrário do lixo rancoroso produzido por Diana, o livro de Fergie revela o dia-a-dia dos "royals" e dá uma pista da razão pela qual 58% dos entrevistados acham que em cem anos o Reino Unido será uma república. Fergie diz que quem não nasce no estrito círculo dos Windsor dificilmente se adapta a uma agenda de cerimônias oficiais que inclui três aparições públicas ao dia, três trocas de roupa, três sessões de cabeleireiro e três de maquiagem -tudo isso começando às seis da manhã e terminando sempre depois da meia-noite. Não há mesmo sangue vermelho que aguente o tranco. Texto Anterior: Para Freitas, ato é normal Próximo Texto: Doidjona; Pra quem gosta; Magoou Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |