São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997 |
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Bancários reeditam a disputa de 1994
SILVANA QUAGLIO
Mas a categoria vem perdendo força à medida que dois fenômenos -um nacional e outro mundial- avançam sobre o setor financeiro. No país, a reestruturação do setor bancário faz sumir empregos como nunca, enquanto no mundo todo, inclusive no Brasil, a automação bancária engole outros tantos postos de trabalho. Desde a implantação do Plano Real, em julho de 1994, 140 mil bancários foram demitidos no país, sendo 18 mil deles só em São Paulo, segundo dados do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Entre as manifestações dos bancários, uma sempre lembrada é a greve de 1985, quando pararam tudo por treze dias e conseguiram reajuste de 12% acima do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da época. Em 1990, desconheceram os limites para reajuste salarial impostos por uma Medida Provisória (entre 43% e 55%) e negociaram aumento médio de 60% (com as antecipações chegava a 186% para alguns patamares salariais), também depois de uma greve ruidosa. Na campanha salarial do ano passado, entretanto, fizeram greve por nove dias reivindicando reposição da inflação entre setembro de 95 e agosto de 96 (14,8%). Conseguiram 10,8% e encerraram a greve. Mas foi a primeira categoria a incluir a participação nos lucros das empresas na convenção coletiva, em 1995. Para o atual presidente, Ricardo Berzoini, candidato à reeleição pela chapa 1, a redução do número de bancários vem desde 1983 e as demissões, hoje, só não estão sendo mais dramáticas por causa da atuação do sindicato. Segundo Berzoini, em contrapartida à redução do número de funcionários, os bancos reajustaram o salário médio da categoria acima da inflação desde julho de 94. "Houve ganho real", diz Berzoini. Os reajustes somaram 67%, enquanto a inflação (segundo a Fipe) somou 60,34%. Oposição Manoel Elídio Rosa, derrotado por Berzoini em 94, é novamente o candidato da oposição pela chapa 2. Segundo Rosa, Berzoini usa a máquina do sindicato a seu favor, provocando uma campanha injusta. Além disso, o sindicato, segundo Rosa, está atuando como uma empresa, terceirizando serviços e se ausentando nos momentos em que a categoria deveria ter ações mais efetivas contra as demissões. A assessoria de Rosa afirma que o espaço dado a Berzoini na Folha Bancária -jornal diário do sindicato com tiragem de 80 mil exemplares-, e também na Revista dos Bancários (mensal com tiragem de 75 mil exemplares), é desproporcional ao dado para a chapa 2. "Existe uma comissão eleitoral que fiscaliza o processo. Nosso sindicato é aberto e democrático", defende-se Berzoini. A proposta de Rosa para o sindicato, entretanto, é justamente a democratização da entidade. Segundo ele, "o pessoal da chapa 1 acha que é dono do sindicato e não quer sair mais". Como aconteceu nas duas últimas eleições, a CUT rachou nessa disputa -um reflexo das brigas internas do PT. Os orçamentos para campanha também são incomparáveis: R$ 150 mil da chapa 1 contra R$ 12.700 da chapa 2. "Não sabemos de onde eles tiram tanto dinheiro", diz Rosa. Segundo a assessoria do candidato da chapa 2, a chapa de Berzoini estaria contratando cerca de 200 ajudantes para a campanha pagando R$ 100 por semana. "Nós contratamos 20 companheiros desempregados que nos foram indicados por R$ 20 por dia entre 6 de janeiro (inícios da campanha) e 23 de janeiro (fim da eleição). O resto do pessoal que está nos ajudando vem de outros sindicatos que nos apóiam e custeiam suas próprias despesas", afirmou Paulo Salvador, diretor do sindicato. O Sindicato dos Bancários de São Paulo é o maior sindicato dos bancários do país e tem um orçamento invejável no movimento sindical: foram R$ 24 milhões em 1996. É também um dos principais membros da CUT (Central Única dos Trabalhadores) pelo número de filiados e pela contribuição. São 68 mil filiados e a entidade contribui com 10% de sua receita para a CUT. Texto Anterior: PIB gaúcho cai, mas exportação é maior Próximo Texto: Bancos compensam caderneta trimestral Índice |
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