São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997
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Mesbla propõe a seus credores transformar dívidas em ações

Objetivo da empresa é converter em papéis 65% do débito

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A Mesbla pretende fechar até terça-feira acordos para transformar em ações 65% do total de seus débitos com os credores, informou ontem o principal executivo da empresa, José Paulo Ferraz do Amaral.
Além de bancos e fundos de pensão, estão fechando o acordo fornecedores, principalmente dos segmentos fonográfico, lingeries, têxtil e os debenturistas estrangeiros, afirmou o executivo.
Segundo o diretor de marketing da DuLoren, Roni Argolo, que já fechou o acordo, a decisão de aceitar a proposta da Mesbla foi pragmática.
"Ou você vê alguma coisa (dos créditos) ou não vê nada. Se não aderir, a Mesbla quebra e você vai receber pó", disse.
Melhor solução
Argolo acha que a melhor solução foi aderir ao acordo, principalmente por ter confiado na proposta apresentada por Ferraz do Amaral.
"É a única chance", disse.
Para Argolo, a situação agora é diferente da negociação que foi feita pela administração anterior da Mesbla (liderada por João Sá e Leonardo Brunet).
'Àgora eles têm o Banco Pactual por trás", diz ele.
Avaliação
A avaliação da DuLoren é que, em quatro ou cinco anos consiga "recuperar alguma coisa de seus créditos".
Mesmo tendo aderido ao projeto de reestruturação da Mesbla, a empresa continua a fornecer mercadorias somente com pagamento à vista.
O executivo da Mesbla diz que, nas negociações com os fornecedores, o grande problema é convencê-los que não terão os mesmos problemas que tiveram na administração anterior, quando negociaram uma prorrogação de prazos e não tiveram os pagamentos honrados.
"Procuramos mostrar que estamos defendendo os credores, pois fomos colocados lá pelos bancos", diz Amaral.
Fornecedores
Segundo a Folha apurou, alguns dos grandes fornecedores que já assinaram o acordo transformando seus créditos em ações são a Sony Music, a malharia Manz, a Triunfo e a Valisère.
A Artex, principal credora individual da Mesbla entre os fornecedores, informa que o acordo está bem encaminhado, em fase final de negociação, faltando apenas alguns pontos para sua formalização.
Pactual
Ontem, Amaral e o coordenador de reestruturações de empresas do Banco Pactual, Edson Macedo, estiveram em São Paulo para 'àrrancar os papéis", segundo Amaral, dos bancos que já concordaram em participar do programa.
'Àrrancar os papéis" significa ter o termo do acordo assinado.
Isso é importante porque a Mesbla precisa, segundo Amaral, apresentar até o dia 31 de janeiro ao juiz Paulo César Salomão, da 7ª Vara de Falências e Concordatas, 80% de adesão ao projeto.
Participação direta
Amaral diz que está participando diretamente das negociações para fechar o acordo com cerca de cem credores que representam mais de 50% dos credores da Mesbla (eles têm créditos entre R$ 300 mil e R$ 4 milhões).
Intermediários
Para negociar com os credores intermediários, para os quais a Mesbla deve entre R$ 10 mil e R$ 300 mil, a empresa tem uma equipe de dez pessoas. A Mesbla está deixando de lado os que têm créditos de até R$ 10 mil (cerca de 600).
Mas Amaral informa que alguns têm procurado a Mesbla 'èspontaneamente".
'Os próximos 20 dias serão fundamentais. Será uma pena se, por falta de velocidade por parte dos credores, a gente morrer na praia", disse Amaral.

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