São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997
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Ivan Lins diz que não irá à festa de premiação

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A única sensação que a indicação para o Prêmio Grammy de melhor performer de jazz latino provocou no cantor e compositor carioca Ivan Lins foi a de surpresa.
Nem tanto pela indicação em si, mas mais pelo fato de ela ser decorrência da participação de Lins em "The Heart Speaks", CD do trompetista norte-americano Terence Blanchard.
"É estranho eu ter chegado à indicação pegando carona no disco de Blanchard", disse Lins por telefone à Folha.
Essa não é a primeira vez em que ele é indicado ao Grammy. Já concorreu em 1980, com a gravação que George Benson fez de "Dinorah", em 1981, quando Quincy Jones gravou "Velas Içadas", em 1985, 1988 e 1990.
Lins diz que acha difícil ir à festa de premiação. "Eu sou bicho do mato, não gosto daquela badalação toda."
Nacionalista, o compositor diz que, se ele levar o prêmio, quem ganha é o país. "Minha inspiração e minhas raízes estão aqui. Devo tudo ao meu país."
Gravado na segunda metade de 1995, o CD "The Heart Speaks" foi lançado nos EUA em março do ano passado. Segundo Lins, não há previsão de lançamento no Brasil.
"Como ele foi gravado pela Columbia americana, acho difícil ser lançado no mercado nacional. Pode ser que, com a indicação para o Grammy, a Sony Music tape os ouvidos e acabe lançando o disco aqui."
A música de Lins foi apresentada a Blanchard pelo produtor Miles Goodman, morto há quatro meses. Apaixonado por música brasileira, ele mostrou gravações do brasileiro para o trompetista.
Após ouvi-las, Blanchard decidiu gravar o trabalho apenas com composições de Lins e convidá-lo para tocar em duas faixas e cantar em outras seis.
"O trabalho traz composições inéditas como 'Just for Nana', homenagem que faço a Nana Caymmi, e 'Orozimbo e Rosiclair', na qual homenageio o Zimbo Trio."
O fato de ter sido indicado como performer soou estranho para ele. "Nos Estados Unidos, eu sou muito mais lembrado como compositor do que como intérprete", diz Lins, que está pré-produzindo um CD só com composições de Noel Rosa.
Ele não é o único brasileiro indicado de forma indireta ao Grammy de 97. "The Man from Ipanema", de Tom Jobim, concorre a melhor coletânea em caixa do ano.
Um dos candidatos a melhor solo de jazz instrumental é Gonzalo Rubalcabia, por "Água de Beber", do CD "Antonio Carlos Jobim and Friends".
E Moogie Canazio concorre como melhor engenheiro de som pelo disco "Oceano", do brasileiro Sérgio Mendes.

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