São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997 |
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Shakespeare é o roteirista da temporada
MARCELO REZENDE
"Twelfth Night", considerada a mais popular comédia do autor, que supostamente teria nascido em 23 de abril de 1564 e morrido no mesmo dia, em 1616, é a mais nova adaptação a chegar não aos palcos, mas às telas. Já em cartaz na Europa, e sem previsão de estréia no Brasil, o filme tem a direção de Trevor Nunn e Helena Bonham Carter no elenco. "Twelfth", o filme, faz parte do que poderia ser entendido como uma adaptação fiel. Shakespeare oferece seu enredo, e os atores e diretores prometem não interferir. Na mesma linha está a versão de "Hamlet" (com quatro horas e meia de duração, também sem previsão de estréia nacional) de Kenneth Branagh. Branagh, aliás, é um dos diretos responsáveis por essa renascença shakespeariana, já tendo dirigido versões de "Henrique 5º" (1989) e "Muito Barulho Por Nada" (1993) e atuado em "Othello" (1996), do diretor Oliver Parker, que acaba de ser lançado em vídeo por aqui. Se antes o cinema só tinha olhos para a sempre popular história de "Romeu e Julieta" (ou no máximo os clichês sobre Hamlet), com ele ganha articulação, contexto e, de alguma forma, atualização. Branagh usa os elementos cinematográficos a favor dos escritos. E não contra. Essa é a principal acusação que a imprensa americana e européia fez ao "Romeu e Julieta" de Baz Luhrman, que estréia hoje nos cinemas. O sucesso é inegável, mas algo -talvez a verdade de cada fala- parece ter sido deixado pelo caminho. Outro inovador é o ator britânico Ian McKellen, que adaptou "Ricardo 3º" para a Inglaterra da Segunda Guerra. A luta pelo trono inglês se torna uma batalha contra o fascismo. Esse "Ricardo 3º", de 1996, (também já lançado em vídeo) pareceu, aos olhos de parte da crítica britânica, ter conseguido o impossível: fazer de Shakespeare algo tão ágil quanto "Máquina Mortífera". Por fim, resta esperar ainda por outro Ricardo, o de Al Pacino, em sua estréia na direção. "Ricardo 3º - Um Ensaio" procura não esconder nada do espectador. Toda a história é entremeada com entrevistas com especialistas em Shakespeare, diretores e estudiosos, que falam o quanto ele é difícil. E o quanto é brilhante. (MR) LEIA MAIS sobre estréisa de cinema à pág. 4-5 Texto Anterior: Retrato pode não ser de Evita e sequer de Cândido Portinari Próximo Texto: Versão é monumento ao kitsch pós-moderno Índice |
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