São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997
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Governo ordenou volta, diz embaixador

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

O embaixador do Brasil no Peru, Luiz Carlos Coutinho Perez, disse que voltou a Brasília após ser libertado pelo MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru) por ordem do Itamaraty.
O embaixador fora solto em 20 de dezembro, três dias depois da tomada da casa do embaixador japonês em Lima pelo MRTA.
Até ontem, havia ainda 74 reféns com os terroristas -que exigem a libertação de cerca de 500 colegas presos no Peru.
Perez voltou ao Brasil no dia 22. Foi criticado, tanto no Peru quanto no Brasil, pelo retorno. "Em nenhum momento o governo peruano aceitou papel de mediação ou algo assim", afirmou o embaixador, que reassumiu ontem seu posto em Lima.
Ele afirmou que nunca se comprometeu a negociar. "O governo brasileiro ofereceu seu total apoio. Mas quando saímos, a única coisa a ser feita foi a veiculação de um documento dos guerrilheiros."
O documento em questão foi lido por um parlamentar peruano. Com Perez foram soltas outras 37 pessoas, 2 delas embaixadores -do Egito e da Coréia do Sul.
Retorno
"Não voltei por conta própria. Tanto que voei em um avião da Força Aérea. Em Brasília, me reportei ao ministro das Relações Exteriores e ao presidente Fernando Henrique Cardoso", disse Coutinho Perez, há três anos em Lima.
Antes de voltar ao país, porém, o embaixador cumpriu uma série de "obrigações". Deu detalhes do cativeiro para o negociador peruano Domingo Palermo e para o chanceler japonês, Yukihiko Ikeda, que então estava em Lima.
Depois, ligou para diversas mulheres de embaixadores, a quem transmitiu mensagens de seus colegas para tranquilizar as famílias.
Após dois dias em Brasília, o embaixador foi para Quito (Equador), onde permaneceu até anteontem. "Só fui autorizado a retomar meu posto hoje (ontem)", afirmou. Coutinho Perez não soube explicar o motivo da demora para seu retorno a Lima.
Agora, afirma que vai continuar acompanhando a crise dos reféns. Mas negou que vá agir como seu colega guatemalteco José Maria Argueta, que voltou a Lima e se ofereceu para entrar na casa ocupada e negociar.
Segurança
O incidente do sequestro não mudará a rotina do embaixador em Lima. Sua segurança dentro da embaixada é feita por homens contratados pelo Itamaraty -cujo número não pode ser revelado.
Fora do trabalho, Perez conta com um guarda-costas da polícia peruana, segundo praxe no país. Ele não tem carro blindado. "É lógico que ninguém está totalmente preparado, mas sabemos do risco como parte da profissão."

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