São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997
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MOLÉSTIA TROPICAL

Apesar de responsável pela morte de um contingente de cerca de 2 milhões de pessoas por ano em todo o mundo, a malária não chega a receber a mesma atenção dedicada pela opinião pública ou mesmo pelas autoridades de muitos países às moléstias típicas do ambiente urbano.
Os estudos norte-americanos que originaram uma vacina contra a doença, mesmo tratando-se de um trabalho que ainda depende de novos testes mais conclusivos, são assim de grande importância para o combate a um mal que se concentra em países tropicais, em sua maioria do Terceiro Mundo, vitimando principalmente populações mais pobres.
Os EUA, patrocinadores da pesquisa, têm grande interesse no desenvolvimento da vacina por causa da incidência da malária entre suas tropas quando atuam na África e na Ásia. Para o Brasil, os avanços científicos divulgados, diante do fracasso de outras vacinas já experimentadas e da pouca eficácia dos medicamentos hoje disponíveis, são de importância mais significativa ainda.
O número de casos em todo o país tem caído nos últimos anos, chegando a 449 mil no ano passado. Entretanto, previsões do próprio Ministério da Saúde sinalizam um quadro mais pessimista para 1997. Segundo a Fundação Nacional da Saúde, os recursos que deveriam ser aplicados no treinamento e na contratação de pessoal e na compra de inseticidas (para combater o inseto transmissor da doença) tiveram de ser alocados em outras áreas do ministério, o que deve provocar um aumento no número de casos de malária neste ano.
Dificuldades administrativas como essa contribuem ainda mais para que as moléstias tropicais continuem a vitimar milhões de pessoas. Uma vacina contra a malária, caso confirmada, será de enorme valia para as populações mais pobres que, com pouco acesso a serviços básicos de saúde, continuam vulneráveis às endemias das regiões onde vivem.

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