São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Governo teme 'surpresa' de peemedebistas

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo Fernando Henrique Cardoso conseguiu esvaziar politicamente a Convenção Nacional do PMDB, que será realizada hoje em Brasília. Mas ainda teme que algum imprevisto atrapalhe a votação da emenda da reeleição.
O objetivo principal do governo foi atingido: não haverá fechamento de questão sobre a reeleição. O governo teme, entretanto, que seja aprovada na convenção uma recomendação contra a reeleição ou a favor do plebiscito.
Uma terceira ameaça surgiu no início da semana passada: a possível apresentação de uma moção propondo o adiamento da votação da emenda da reeleição para depois das eleições das presidências da Câmara e do Senado.
Um grupo de deputados teme que o governo abandone o candidato do PMDB à presidência da Câmara, Michel Temer (SP), após a aprovação da reeleição. A ameaça fez o governo agir com rapidez.
Na quinta-feira, o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), e os líderes do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), e do PSDB, José Aníbal (SP), declararam apoio formal a Temer.
O candidato do PMDB desmobilizou na sexta-feira os deputados que pregavam o adiamento da votação da reeleição. Ele confia no acordo feito com PFL e PSDB. Mas nada impede que o assunto ressurja na convenção.
Contas
O presidente nacional do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE), contrário à reeleição, aposta na aprovação de uma recomendação contra a aprovação da emenda em tramitação na Câmara.
Essa recomendação não obrigaria ninguém a votar contra a reeleição, mas deixaria os governistas do PMDB constrangidos, principalmente na comissão da Câmara, onde representam o partido.
Cinco dos seis membros do PMDB na comissão disseram à Folha que aguardam uma decisão da convenção para definir o voto.
Paes faz as contas da convenção Estado por Estado. Diz que a maioria dos convencionais de São Paulo (90), liderados pelo ex-governador Orestes Quércia, e de Minas (71) votará contra a reeleição.
São os Estados com o maior número de convencionais. Mas o governo teria maioria em dez Estados. Em cinco deles, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraíba, Goiás e Rio Grande do Norte, as delegações estariam fechadas a favor da reeleição.
O Planalto conta com a articulação dos governadores do partido, liderados por Antônio Britto (RS). Seis dos nove governadores estariam a favor da reeleição.
A discussão sobre a reeleição vai manter esquecido na convenção outro tema que divide o partido: a eleição presidencial de 98. Paes deseja que o partido tenha candidato próprio, enquanto os governistas defendem o apoio a FHC.
O senador José Sarney (AP) e Quércia também defendem a candidatura própria. Sarney é pré-candidato a presidente da República.

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