São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Espaço na política cresce, mas não chega a 50%

DE WASHINGTON

Nunca houve tantas mulheres no Congresso, nos ministérios, na Suprema Corte e nos legislativos estaduais dos EUA do que agora.
Sua representação ainda está longe de corresponder aos poucos mais de 50% que elas constituem na população norte-americana.
Mas as 9 senadoras em 100, 51 deputadas em 435, 4 ministras em 14, 2 juízas em 9 e 1.500 deputadas estaduais em 7.500 demonstram o quanto a participação feminina na política cresceu.
Pela primeira vez, por exemplo, o Departamento de Estado, que determina a política externa dos EUA, está sob o comando de uma mulher, Madeleine Albright.
O titular do Departamento de Estado, além de responder por uma pasta com evidente importância objetiva, é o guardião das tradições do posto, o de maior respeito no ministério norte-americano: seu primeiro ocupante foi Thomas Jefferson, depois terceiro presidente do país.
Se não fosse cidadã naturalizada (ela é polonesa de nascimento), Albright também seria a mulher mais próxima da Presidência em toda a história dos EUA: o secretário de Estado é o quarto na linha sucessória, após o vice-presidente, o presidente da Câmara e o presidente "pro-tempore" do Senado. Enquanto Albright for secretária, o quarto na sucessão será o secretário do Tesouro (Robert Rubin).
No Legislativo, as mulheres também estão aumentando não apenas o seu número, mas também sua influência. Embora algumas das mais poderosas parlamentares do passado recente tenham se aposentado em 1996 (a senadora Nancy Kassebaum e a deputada Pat Schroeder, por exemplo), a maioria republicana, assustada com a maciça preferência do eleitorado feminino por Bill Clinton na eleição presidencial, resolveu dar cargos importantes a suas representantes. Susan Molinari e Jennifer Dunn, por exemplo, foram convidadas por Newt Gingrich para serem suas principais conselheiras.
Além disso, fala-se cada vez com mais naturalidade numa possível candidatura à Presidência em 2000 de Elizabeth Dole, mulher de Bob Dole, o candidato derrotado por Bill Clinton no ano passado.
Ao reassumir a presidência da Cruz Vermelha dos EUA na semana passada, ela disse que consideraria "no momento certo" a possibilidade de incluir seu nome entre os republicanos aspirantes à Casa Branca. Ministra de Estado em dois governos (Reagan e Bush), assessora especial da Presidência em outro (Nixon), Elizabeth Dole tem currículo para concorrer à Casa Branca e, na campanha de 1996, se tornou conhecida e admirada em todo o país.
Mesmo assim, as teóricas do feminismo ainda acham pouco. Mary Anne Borrelli, da Universidade de Connecticutt, por exemplo, diz que, no fundo, as mulheres continuam longe do poder.
"Muitas estão em posições de prestígio, é verdade. Mas nenhuma tem acesso às grandes decisões, tomadas por homens após terem ouvido outros homens", diz.

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