São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Mulheres sós chefiam famílias

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Em 25 anos, o número de domicílios chefiados por mulher sem a companhia de homem mais do que dobrou nos EUA.
Esta é uma das estatísticas mais impressionantes das diversas que refletem a mudança do papel doméstico da mulher na sociedade norte-americana em uma geração.
Por causa de sua nova condição no mercado profissional, as mulheres estão casando mais tarde, tendo filhos mais velhas e, em muito maior incidência do que antes, enfrentando a vida sozinhas.
Enquanto o número de famílias lideradas por casais aumentou 20% desde 1970, o de chefiadas por mulheres sós cresceu 122%.
Para dar conta dessa nova situação, as mulheres contam com um anteparo ideológico para amainar a má consciência. Por exemplo, em relação à maternidade.
Uma vasta literatura sócioantropológica tem sido publicada para explicar às mulheres que a a condição materna é uma construção cultural recente, não inata no ser humano, que pode ser desmontada conforme as necessidades sociais de cada época.
Sharon Hays, no seu livro "The Cultural Contradictions of Motherhood" (As Contradições Culturais da Maternidade, editora da Universidade de Yale, 252 págs., US$ 25), diz que "a filosofia da maternidade intensiva não é nem natural nem inevitável" e passa a justificar longamente a possibilidade de as mulheres simplesmente não se dedicarem tanto aos filhos como se tem esperado delas desde meados do século 19.
Hays chega a dizer que a "maternidade intensiva" nem mesmo é benéfica para crianças e que mães e filhos estariam melhor servidos com métodos pedagógicos que tomassem menos tempo, energia e dinheiro delas do que os atuais.
É a teoria do "tempo de qualidade" em sua formulação definitiva. Se funciona, será visto em 25 anos. Mas, por hora, serve como uma luva para as necessidades femininas contemporâneas nos EUA.
(CELS)

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