São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Sem acordo com o PMDB, FHC quer votar reeleição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu investir na votação em primeiro turno da emenda da reeleição na Câmara já na próxima semana.
No comando pessoal da operação, FHC não marcou o dia exato para enfrentar o plenário.
Isso vai depender ainda do resultado das negociações com os partidos da base de sustentação do governo e das chances de reunir os 308 votos necessários para aprovar a emenda no plenário.
Na última quarta-feira, os governistas tinham decidido reavaliar o quadro para definir o novo calendário da reeleição. Segundo a Folha apurou, FHC quer votar pelo menos um turno em janeiro.
"Recebi a missão de votar a emenda na próxima semana. Temos número para aprovar a reeleição a qualquer momento com tranquilidade", disse o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), depois do encontro da cúpula do partido com FHC.
O PMDB, maior obstáculo na base governista, disse que não há acordo sobre a data para a votação.
"Vamos ver, ainda existe um impasse", disse o líder Michel Temer (SP). "Não podemos fazer conta de calendário", disse o deputado Aloysio Nunes (SP).
Os peemedebistas discordam dos números apresentados ontem na reunião do PFL com FHC. "O PMDB não tem condição de assegurar os votos necessários para aprovar a emenda na próxima semana", disse o vice-líder do partido, Henrique Eduardo Alves (RN).
Contabilidade
Uma nova checagem dos votos foi feita ontem pela manhã na casa do presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA). Os líderes aliados teriam avaliado que o governo não tinha sequer 300 dos 308 votos necessários.
Os líderes deixaram a reunião com uma relação dos votos nome a nome, acompanhada de observações. Segundo Inocêncio Oliveira, FHC dispunha de outros números, que dariam segurança para que a emenda seja votada em plenário.
O líder do PSDB, José Aníbal (SP), afirmou que o governo conseguiu votos em outros partidos além do PFL, PSDB e PMDB. Segundo dados de Aníbal, deputados do PSB, do PTB e do PPB também estão aderindo à tese da reeleição.
Segundo líderes governistas, as dissidências no PMDB não comprometem a aprovação da emenda. Eles contabilizam 25 deputados peemedebistas que seguem a orientação dos senadores, que não querem a votação em janeiro.
Eles são, principalmente, de Goiás, Pará e Paraíba. Esse número seria o chamado "plus" na votação -votos a mais, porém não imprescindíveis para aprovação da emenda.
A estratégia definida ontem para a reeleição deixa de fora a possibilidade de consulta popular - plebiscito ou referendo.

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