São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Governo vai perder, desafia Iris

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da reaproximação com o governo, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o senador Iris Rezende (PMDB-GO) afirmaram ontem que o PMDB não vai apoiar a votação da emenda da reeleição na próxima semana.
"Se o governo colocar a emenda em votação antes da escolha dos presidentes da Câmara e do Senado, será para perder", disse Iris.
Segundo ele e Sarney, o PMDB continua decidido a obedecer à decisão da convenção do partido de não votar a emenda da reeleição antes da escolha das Mesas do Senado e Câmara, marcadas para os dias 4 e 5 de fevereiro.
As declarações de Iris e Sarney foi dadas antes da decisão do governo, de colocar a reeleição em pauta na semana que vem. Sarney não quis dar entrevista depois da decisão, e Iris viajou.
Diálogo
Os dois mostram disposição de retomar o diálogo com o governo, interrompido após a bronca pública dada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso nos líderes do PMDB na segunda-feira. Mas disseram que isso não altera a decisão do partido de aguardar a escolha das Mesas para votar a reeleição.
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que disputa com Iris a presidência do Senado, defendeu a votação da reeleição na próxima semana.
"Não acho conveniente aguardar a escolha das Mesas. Mas o presidente é quem decide. Ele é o juiz das datas", disse.
Ontem, Sarney recebeu a visita do ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) no seu gabinete e, na noite anterior, a do vice-presidente Marco Maciel, em sua casa. "Foram gestos de cortesia", disse. O senador chegou a dizer que não houve rompimento.
Ofensas
"Mas tenho recebido tanta solidariedade que acho até que me ofenderam muito", disse Sarney. Ele repetiu que, se soubesse o que ouviria no Planalto, não teria ido à reunião. Ressalvou que as ofensas não foram dirigidas à sua pessoa, mas ao presidente do Congresso. Sarney afirmou que, a partir de agora, ficará "mudo e quieto".
O ministro Luiz Carlos Santos amenizou as divergências com Sarney, após conversar com ele: "O que a mídia chama de impasse é uma etapa natural de um processo político de entendimento".
Iris, que passou dois dias ameaçando rompimento com o governo, ontem deu sinais de aceitar a reaproximação com o Planalto: "A poeira está se assentando com mais rapidez do que se esperava".
Apesar da disposição ao diálogo, o senador repetiu que espera do governo imparcialidade em relação à disputa pela presidência do Senado. O PMDB quer evitar que o PSDB, partido do presidente, feche questão para apoiar ACM.

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