São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Lei deve aumentar 30% oferta de órgãos

MAURO TAGLIAFERRI
ROGERIO SCHLEGEL

ROGERIO SCHLEGEL; MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dados mostram que famílias que não permitem doação são minoria; problema é falta de notificação

Se virar lei, o projeto aprovado no Senado deve aumentar a oferta de órgãos no máximo 30%.
Esse é o percentual de famílias de potenciais doadores que, consultadas, se recusam a permitir a retirada de órgãos para transplante, após verificada a morte cerebral.
Levantamento feito no Hospital de Clínicas da Unicamp, de fevereiro de 1994 a dezembro de 1996, mostrou que apenas 23% das famílias se opuseram à doação quando consultadas.
No Hospital São Paulo, 7 em cada 10 famílias abordadas autorizaram a extração de órgãos.
"A lei que existe já satisfaz às necessidades. No meu ponto de vista, o projeto é fora de contexto. Na verdade, é a saúde que custa caro e o país não tem dinheiro", disse o diretor clínico do Hospital São Paulo, José Medina Pestana.
"O projeto indiretamente culpa as famílias pela falta de órgãos. Mas esse está longe de ser o principal problema", afirma Celso Roberto Scaffi, do centro de captação do Hospital de Clínicas.
"Haverá um benefício, mas, dentro da situação presente, a falta de órgãos no Brasil não depende apenas de doação, já que 20% são perdidos por falta de anuência", disse Silvano Raia, chefe do Grupo de Transplante de Fígado do Hospital das Clínicas, de São Paulo.
Hoje, o principal motivo para a falta de órgãos é a falta de notificação -aviso dado à central de transplante de que há um paciente prestes a ter morte cerebral e se converter em potencial doador.
Segundo Elias David-Neto, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, apenas um terço do total dos pacientes que serviriam para a doação são notificados na Grande São Paulo. Em um ano, as notificações chegam a cerca de 200 casos acabam resultando em transplante.

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