São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Cães ajudam a achar destroços de avião

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Utilizando cachorros farejadores, motocicletas e facões para abrir picadas no mato, moradores da zona rural de Santana do Parnaíba localizaram o Cessna acidentado antes dos bombeiros e da polícia.
O avião caiu em um local de mata fechada, de difícil acesso, dentro da fazenda Tamboré.
A primeira pessoa a chegar ao local, segundo o Corpo de Bombeiros, foi o agricultor Manoel Ivan Jesus de Souza, 30, funcionário da fazenda.
Souza estava almoçando, por volta das 13h, quando sua mulher contou que havia visto um avião voando baixo e desaparecendo no meio da mata.
"Liguei o rádio em seguida e soube que um avião tinha caído na região. Então, saí andando sozinho para procurar", declarou.
Abrindo picadas na mata com um facão, o agricultor encontrou os destroços do avião, por volta das 16h30.
"Foi impressionante. Estava tudo estraçalhado, não dava para saber se aqueles pedaços de corpos eram de homem ou de mulher."
Souza voltou para a sede da fazenda e ligou para o quartel dos bombeiros de Barueri. Em aproximadamente 20 minutos, eles chegaram à fazenda.
Cão farejador
Enquanto Souza esperava a chegada dos bombeiros, outras três pessoas chegavam ao local do acidente.
Guiados pelo faro apurado do pastor belga Max, o auxiliar administrativo Marco Martinelli, 20, o office boy Carlos Alberto Oliveira e um sargento do Exército que se identificou como Rodolfo encontraram o avião.
Moradores do bairro Colinas da Anhanguera, na zona rural de Cajamar, os três estão em férias e assistiam TV quando souberam do acidente.
"Andamos mais de uma hora até o Max farejar os corpos. Quando entramos na clareira, abrindo a mata com facão, ainda havia fumaça", afirmou Rodolfo.
Os jovens contaram que pegaram dois pedaços da fuselagem do avião e começaram a agitar, para chamar a atenção dos helicópteros. Um helicóptero do Exército, segundo Rodolfo, os teria avistado, mas não conseguiu pousar.
Ainda antes da chegada dos bombeiros, outro morador da região chegou à clareira. O motoboy Marcelo Lopes, 20, usou sua motocicleta pelas trilhas acidentadas da região até encontrar os destroços do avião e os três primeiros curiosos.
Caminhada
Para chegar ao local do acidente, os bombeiros tiveram que rodar cerca de 5 km por uma estrada de terra que sai do condomínio Alphaville 0.
Como havia muito barro, os carros paravam em uma área de desmatamento, na entrada da fazenda Tamboré. A partir daí, começava a maratona.
Guiados por Souza, 22 soldados do Corpo de Bombeiros andaram cerca de 5 km em picada aberta no meio de um terreno acidentado, dominado por uma mata fechada.
Para não correrem risco de se perder, eles marcaram o caminho com galhos. Após 50 minutos de caminhada, eles começaram a operação de resgate.
Os corpos das seis vítimas ficaram irreconhecíveis. Dois deles estavam soterrados e só foram resgatados por volta das 20h.
Como os helicópteros que participavam da operação de resgate não conseguiram pousar na região do acidente, os corpos precisaram ser transportados a pé até a entrada da fazenda. De lá, foram levados para o IML de Osasco.

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