São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Crédito caro torna país ineficiente

Uso de recurso próprio é a causa

DA REPORTAGEM LOCAL

O excesso de impostos e exigências do Banco Central (BC), como as reservas compulsórias sobre os depósitos à vista, representam um terço do que os bancos faturam com os empréstimos, quando se desconta o custo de captação.
A avaliação faz parte de estudo realizado pela consultoria MCM Consultores Associados, que teve coordenação do economista e professor da FEA/USP Celso Martone.
No caso dos impostos, o estudo destaca o peso dos seguintes tributos: o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), a contribuição do PIS, a Contribuição sobre o Lucro Líquido e agora a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Além dos impostos, o BC recolhe dos bancos 75% do que eles possuem em suas carteiras de depósitos à vista, por exemplo.
Esse dinheiro que fica com o BC, que não paga nenhuma remuneração por eles, não pode ser usado pelos bancos para empréstimos.
Outro fator apontado como responsável pelos altos custos do crédito no Brasil é a taxa de juros dos títulos do governo federal, que serve de piso para as demais taxas.
No mercado brasileiro, a taxa paga pelos títulos federais tem caído continuadamente nos últimos meses, porém ainda continua alta -próxima de 12% ao ano.
Segundo a MCM, nos países desenvolvidos da Europa, a taxa média paga pelos títulos da dívida pública está entre 2% e 3%.
Uma das consequências é que as empresas acabam optando por usar recursos próprios para investir, quando isso é possível.
Segundo o estudo, são investidos no Brasil o equivalente a 18% do PIB (Produto Interno Bruto), sendo que apenas 4% usam recursos captados no mercado financeiro. Os 14% restantes são feitos com recursos próprios.
"Isso significa que investimentos de baixo retorno podem estar sendo feitos por quem dispõe de recursos, enquanto investimentos de alto retorno não são feitos por inexistência de recursos", avalia a consultoria.

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