São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Som para salvar o verão

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE DOMINGO

A Lua sabe quem ela é -e o Sol também: "Eu sou o carnaval, eu sou o charme e soul, sou o samba e o rock and roll, sou o som da festa, eu sou o verão", diz a esperta versão de Nelson Motta para "Fame", um dos pontos altos do novo CD de Sandra de Sá -já conhecida como trilha de um comercial.
"Fame" não é a única versão: "Waterfalls" abre o CD, com letra em português de Ronaldo Bastos e da própria Sandra, responsáveis também pela tradução de "I Might Be Crying".
Representante da gema da moderna negritude carioca, Sandra é a face negra de uma Lua que brilhou ultimamente com a face clara de Fernandinha Abreu.
O disco passeia pelo samba, soul, funk, balada e rock. Resume bem esse mix musical contemporâneo que vem servindo para delinear uma identidade mais internacionalizada da juventude negra brasileira.
Identidade que diz respeito, na verdade, ao país como um todo -e é problematizada na ótima "Ecânico", de Carlinhos Brown: "Escarfank, Scarface/ Tem fama em festa de rei/ É bate-estaca de DJ's/ Que língua você fala/ Diga lá se é inglês/ É português".
Além de Brown, Sandra convocou Herbert Vianna, que compôs a neo-hippie "Vamos Viver" e se entusiasmou com o resultado do CD.
O entusiasmo não foi à toa. Sandra de Sá consegue com esse CD não apenas confirmar suas conhecidas qualidades de cantora, mas atingir um nível mais elevado de som e repertório.
A seleção surpreende, por exemplo, com a ótima regravação de "Telefone", do inesquecível Júlio Barroso.
A canção ("São três horas da manhã você me liga/ Pra falar coisas que só a gente entende") marcou época e foi um dos hits que impulsionou a safra de rock da geração 80.
Num verão marcado pelos traseiros baianos, na rabeira do indefectível "Tchan", o CD de Sandra é uma salvação. Que se transforme em sucesso da temporada não só será justo, mas um alívio para os ouvidos.

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