São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Israel começa a entrega de Hebron

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo de Israel começou a transferir para os palestinos a sua parte da administração civil de Hebron, iniciando o cumprimento do acordo da madrugada de quarta-feira. Segundo o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, a entrega completa da cidade deve estar concluída até a tarde de hoje.
Entre as áreas civis estão comunicações, planejamento, habitação, mapas, registro de terras e arqueologia. O governador militar de Hebron, coronel Baruch Nagar, disse que a passagem completa dos poderes civis vai acontecer apenas depois da retirada das tropas das áreas palestinas.
O acordo de quarta-feira garantiu a entrega da última cidade importante da Cisjordânia para os palestinos. Nela, quase 500 colonos judeus vivem em meio a mais de 100 mil árabes. Pela fórmula encontrada, Israel continuará comandando 20% da cidade, inclusive o ponto nevrálgico dela, a tumba do Patriarca, sagrada para judeus e muçulmanos.
A retirada completa dos militares só pode acontecer após a aprovação do acordo pelo Parlamento israelense, prevista para a noite de ontem. Essa etapa é apenas burocrática, pois, além de ter maioria, o primeiro-ministro israelense vai contar com apoio de seus opositores trabalhistas.
Mas Netanyahu deve sofrer pelo menos 20 votos contrários de deputados de extrema direita e religiosos, que sustentam seu governo, mas se opõem à entrega.
Para agradá-los, o premiê disse ontem ao Parlamento que seu governo vai fazer o possível para manter os colonos em Hebron, além de incentivá-los a expandir as colônias.
Segundo Netanyahu, se a retirada não for completada hoje, terminará na noite de amanhã. A noite de sexta e o dia de sábado são rigorosamente seguidos como período de descanso em Israel.
Com ajuda de gruas e escavadeiras e sob forte chuva (que impediu festejos e protestos mais exaltados na cidade desde a assinatura do acordo), os militares começaram a desmontar ontem dois dos três postos de controles que ficam em bairros que devem ser devolvidos aos árabes. É o primeiro passo da operação Entrega das Chaves.
A 15 km de lá, a polícia palestina fez uma cerimônia para a entrega dos uniformes aos primeiros soldados que devem atuar em Hebron. Mas, segundo a agência "France Presse", cerca de 30 agentes já estavam dentro da cidade ontem, em trajes civis, discutindo a retirada com os israelenses.
O próprio comando palestino admite que sua tarefa em Hebron será mais difícil que nas outras cidades da Cisjordânia, devido à presença de colonos judeus armados. "Mas estamos confiantes em que, com a ajuda israelense, a substituição será tranquila", disse o comandante palestino Abdel-Fattah al Jaidi.
A entrega formal das "chaves" vai acontecer no quartel-general de Hebron, de onde os israelenses comandaram a cidade por 30 anos.

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