São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 1997
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Universal denuncia pressão do governo

AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputados ligados à Igreja Universal do Reino de Deus criticam o governo e dizem que estão sendo pressionados a votar a favor da reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O deputado Laprovita Vieira (PPB-RJ) afirmou à Folha que as investigações que a Receita Federal realiza na igreja estão sendo usadas pelo governo para tentar ganhar os votos dos deputados ligados ao bispo Edir Macedo.
"É óbvio que o governo faz pressão em cima da gente. A gente tem povo e o governo sempre pressiona. As investigações da Receita são um tipo de pressão", disse Vieira.
A Folha apurou que a bancada da Igreja Universal negociou sem sucesso com o governo a paralisação das investigações da Receita em troca dos votos pela reeleição.
Segundo Vieira, a igreja não negocia "essas coisas". Além dele, são ligados à Universal Aldir Cabral (PFL-RJ), Jorge Wilson (PPB-RJ), De Velasco (PSD-SP), Wagner Salustiano (PPB-SP) e Luiz Moreira (PFL-BA).
Conforme levantamento realizado pela Folha, nenhum deles se declarou favorável à reeleição. Eles se declaram indecisos ou estão contra a emenda.
Obsessão
O deputado federal Wagner Salustiano, contrário à reeleição, afirmou que o governo está com "obsessão pelo poder" ao priorizar a reeleição.
"Não admito ter sido convocado para não votar nenhuma matéria. Não sou o senador Caxias (personagem de "O rei do gado"), mas tenho muita coisa para fazer em São Paulo", disse.
Apesar da crítica, Salustiano afirmou que a bancada está indefinida e que pode ainda votar a favor de FHC. "Só um imbecil não muda de opinião", afirmou De Velasco. "Estamos avaliando o que é melhor", disse Salustiano.
Na segunda-feira, os deputados da Universal se reúnem para discutir: "Pode acontecer de fecharmos questão", disse Salustiano.
Serra
Para ele, o apoio que a igreja deu ao candidato de Fernando Henrique à prefeitura paulistana, José Serra, é coisa do passado.
"O passado é passado. Não somos obrigados a votar no governo porque apoiamos o Serra. Hoje ele não me procura nem para dizer bom dia", disse Salustiano.
Ele afirmou que, se houver um plebiscito ou referendo sobre reeleição, os bispos da Universal vão tomar uma posição e orientar o "povo" da igreja.
Outro lado
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que desconhece negociações do governo com os deputados da Universal envolvendo a Receita Federal. Ele afirmou que as críticas dos deputados são "estranhíssimas".

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