São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 1997
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'Esquecidos' ainda têm obras na Bienal

CASSIANO ELEK MACHADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A 23ª Bienal Internacional de São Paulo terminou há 44 dias, mas muitas das 1.800 obras que participaram da megaexposição de artes plásticas ainda não deixaram os limites do pavilhão Ciccillo Matarazzo.
As dezenas de caixas que ocupam o primeiro e o segundo andar do prédio do parque Ibirapuera contêm, em sua maioria, trabalhos de artistas que participaram das representações nacionais.
Esse segmento da mostra reuniu artistas de 75 países que foram indicados por processos diversos, na maioria das vezes pelos respectivos ministérios da cultura.
O gerente internacional da 23ª Bienal, Pieter Tjabbes, diz que o transporte dessas obras é de responsabilidade dos países.
"A Fundação Bienal só se responsabilizou pelos trabalhos dos artistas das salas especiais e da Universalis", garante Tjabbes.
O gerente internacional afirma que todas as obras expostas na Universalis, parte da exposição que reuniu artistas emergentes, já foram remetidas a seus países de origem.
No entanto, trabalhos do chileno Gonzalo Díaz, do venezuelano José Antonio Hernández-Diez e do sueco Ojars Petersons, todos integrantes da Universalis, por exemplo, ainda não saíram do parque Ibirapuera.
Os trabalhos das grandes estrelas da Bienal, sobretudo os que estavam no Espaço Museológico, como as obras de Pablo Picasso, Edvard Munch e Paul Klee, deixaram o país logo depois do final da exposição.
Porém, mesmo algumas obras de artistas "especiais", como os trabalhos do dinamarquês Svend Wiig Hansen -participante das salas especiais-, só deixaram o país nesta semana.
"As obras de Hansen demoraram para ir embora porque a empresa de navios responsável só faz escalas no Brasil uma vez por mês", explica Tjabbes.
Pelo mesmo motivo, as peças de Marianne Heske, a segunda artista na preferência do público entre as representações nacionais, de acordo com pesquisa da Bienal, ainda não retornaram para a Noruega.
Entre os "esquecidos" estão peças da instalação do alemão Carl Wolff, outro destaque da exposição, que montou espécie de agência de turismo na Bienal.
Se por um lado a maioria das obras está encaixotada, por outro ainda é possível encontrar obras de arte em exposição. O panamenho Zelenka, que construiu instalação com telas vermelhas, peças de banheiro e vidros, entre outros materiais, é um dos poucos que, até anteontem, ainda tinha telas pregadas na parede.
Os grandiosos murais do norte-americano Sol LeWitt e do hondurenho Ezequiel Padilla Ayesta, que foram pintados diretamente nas paredes, são outros exemplos de obras que ainda estão expostas.
Ao contrário da pintura que a princesa africana Francina Ndimande fez em parede de madeira, que foi cortada em pedaços e agora serve como tapume, esses painéis ficam na Bienal por tempo indeterminado.

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