São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 1997
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Arquivo do Estado muda para prédio em obras

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A mudança do Arquivo do Estado começou antes de terminar a reforma da nova sede, o prédio onde funcionava a fábrica de tapetes Ita, na rua Voluntários da Pátria, em Santana (zona norte de SP).
Segundo o diretor do Arquivo, Fausto Couto Sobrinho, 50, ainda é preciso terminar um andar e dar acabamento a áreas comuns. As salas onde está sendo instalado o acervo, no entanto, estão prontas desde meados de dezembro.
A reforma -maior obra do governo Mário Covas na área da cultura- deve ser totalmente finalizada em quatro semanas, de acordo com Sobrinho. "Não começamos a mudança antes por causa do excesso de pó. Agora, não há mais esse risco, porque as salas estão isoladas", diz o diretor.
O novo prédio será a primeira sede própria da instituição, que foi fundada em 1721 e funciona desde 53 na rua Dona Antônia de Queiroz (centro). Goteiras, problemas na instalação elétrica e risco de incêndio ameaçam o segundo maior acervo de documentos do país.
Por conta disso, a mudança é quase unanimidade entre ex-diretores e funcionários do Arquivo. "O prédio atual está condenado. A nova sede é uma garantia de que a coleção permanente será bem guardada, mas é preciso novos investimentos. O importante agora é que se transfira especialmente a documentação pré-republicana", afirmou Nilo Odália, diretor até setembro de 96.
O arquivo reúne documentos da administração pública desde o século 18, tais como inventários e correspondência, coleções privadas, arquivo iconográfico (incluindo o acervo do jornal "Última Hora") e o arquivo do Deops, aberto ao público apenas em 91.
A mudança está prevista para terminar em 22 de abril, quando o arquivo reabre para a consulta pública. O custo total da reforma está estimado em R$ 22 milhões, dos quais o governo Covas investiu R$ 8,2 milhões, além de assumir um passivo de outros R$ 8 milhões.
O prédio foi comprado durante o governo Montoro e a reforma parte de um projeto feito por especialistas franceses, idealizado pelo ex-diretor José Sebastião Víter.
A idéia inicial era construir cinco blocos, expandindo a área para conservação. Por falta de verba, apenas três blocos foram feitos, mas, mesmo assim, a capacidade da nova sede é cinco vezes maior do que a do edifício do centro.
Sobre os alicerces de dois blocos, foi construído um jardim de esculturas, um palco e um auditório onde devem acontecer eventos culturais, além da transformação de um corredor em galeria.
"Nesse instante, do modo como está concebida, a nova sede do arquivo atende à demanda. A mudança no projeto original não significa prejuízo para a organização", afirmou o secretário de Estado da Cultura, Marcos Mendonça.
Víter, que atualmente dirige o Museu Paulista, diz aprovar as mudanças no projeto. "Fui diretor do arquivo por 11 anos e tenho que dizer que estou muito feliz com a mudança", afirmou.

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