São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997
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Caso une ativistas, sambistas e curiosos

DA SUCURSAL DO RIO

Mães de desaparecidos, líderes de ONGs (organizações não-governamentais), artistas e até ex-mendigos passaram o dia na porta do 1º Tribunal do Júri, pedindo "justiça" no julgamento dos acusados pela morte de Daniella Perez.
A escola de samba Unidos do Cabuçu -onde a atriz desfilava- levou um surdo e dois estandartes, um com a foto de Guilherme de Pádua e outro com a de Paula Thomas -acusados do assassinato de Daniella- com chifres de espuma. O estandarte de Paula dizia: "Assassina, chegou tua hora". No de Pádua, estava escrito: "Demônio assassino".
O advogado de Pádua, Paulo Ramalho, também foi lembrado. A foto dele aparecia num cartaz, ao lado do desenho de uma mulher, simbolizando a Justiça, que dizia: "Não, Ramalho, a estrela sou eu".
O ex-seminarista Paulo José Barbosa, 23, saiu de Miracema (noroeste fluminense) para assistir o julgamento e estava certo da inocência de Paula.
"Acredito na Paula. Acho que ela tem problemas mentais e um ciúmes extremo. Mas não foi ela que deu as punhaladas na Daniella. Foi o Guilherme de Pádua", disse Barbosa, que, em 96, assistiu a 18 julgamentos e, ontem, pegou senha para entrar no tribunal.
As manifestações começaram às 9h. Cerca de cem pessoas permaneceram na porta do tribunal durante todo o dia.
Duas meninas do grupo Natureza, de São Paulo, faziam a coreografia. O líder do grupo e ex-mendigo Tito Natureza, 39, declamava poemas. "Eu era mendigo e acompanhei o caso. Presto homenagem a Yasmin (personagem de Daniella, na novela "De Corpo e Alma"). Pedimos justiça", disse.
A dona-de-casa Maria de Lourdes Dias, 40, usou uma venda nos olhos para protestar contra a morte da irmã, Maria da Conceição Dias, em 90. "Minha irmã tinha câncer e não podia operar. O médico operou e matou a pobrezinha. Estou com essa venda para mostrar que a Justiça é cega", disse ela.
Também participaram as Mães da Cinelândia, Mães de Acari, Mães do Paraná e Mães de São Paulo. "Queremos que a justiça seja feita", disse o ator Guilherme Karam, um dos poucos colegas de Daniella presentes ontem.

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