São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Invasor diz estar vingado

MARILENE FELINTO
DA ENVIADA ESPECIAL

Às 6:15h de ontem, iniciada a ocupação da fazenda São Luís pelo MST, o ex-empregado da fazenda e hoje sem-terra A.C.S., 44 (que não quis se identificar nem se deixar fotografar), preparou-se para ir pessoalmente levar a notícia da invasão ao proprietário e ao administrador das terras.
A Folha acompanhou A.C.S. -que se regozijava de poder enfrentar o ex-patrão- até a casa do administrador. "Saber que seus pais foram sugados muitos anos pelos patrões, e que, hoje, como filho deles, você pode ocupar as terras, é muito gratificante."
O pai de A.C.S. foi vaqueiro das fazendas dos Armelin dos 16 até os 44 anos, "quando saiu sem nada, todo quebrado", contou.
Ainda estava escuro quando A.C.S. estacionou o carro diante da casa do administrador da fazenda e gritou "ô de casa!".
Uma luz acendeu-se e o administrador José Alves dos Santos, 45, apareceu. A.C.S. disse que vinha, acompanhado da imprensa, comunicar a ocupação.
O proprietário não estava. Santos disse que não lhe cabia fazer nada. "Eu, por mim, sem-terra pode invadir quanto quiser. Fazer o quê? A lei é essa, né? Não tem mais lei não, virou moda invasão."
(MF)

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