São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Governistas agora contam 321 votos pró-reeleição

DANIEL BRAMATTI; DENISE MADUEÑO; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo, com o aval da liderança do PMDB na Câmara, resolveu enfrentar a dissidência peemedebista no Senado e confirmou a votação da emenda que permite a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso na terça-feira.
"O Senado é outra etapa. A primeira é vencer na Câmara", disse o líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA). O líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP), começou ontem mesmo a conversar com a bancada para tentar garantir votos no dia 28.
O governo agora diz ter 321 votos a favor da emenda, segundo o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), que participou de uma reunião ontem de manhã na casa do presidente da Câmara, o deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), com as lideranças governistas.
A bancada do PMDB na Câmara cedeu às pressões do governo para votar na próxima semana por causa do risco que um novo adiamento representaria à candidatura de Temer à presidência da Câmara.
Os governistas haviam ameaçado retirar o apoio a Temer se o PMDB continuasse resistindo à data. "A estratégia da bancada da Câmara será comparecer para votação. As estratégias distintas da Câmara e do Senado terão como objetivo a conquista das duas Casas pelo PMDB", afirmou Temer.
Os senadores do PMDB insistem em adiar a votação por considerar que isso beneficiaria a candidatura de Iris Rezende (PMDB-GO), que disputa com Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
O comando da reeleição está contando com 53 votos certos no PMDB, do total de 99 da bancada. "Se Temer chegar a 60 votos será um herói. Qualquer número acima de 50 está bom", disse o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE).
Haveria, ainda segundo os governistas, cerca de 30 deputados cooptáveis até terça-feira.
No PFL, eles consideram certos 100 votos. No PSDB, 86, no PPB, 43, além dos 53 peemedebistas.
Para completar os votos que o governo diz ter, o comando está contando com votos de PTB, PL, PSD, PSB, PV, PSL e até do PDT. A aprovação da emenda precisa de 308 votos (três quintos do total de 513 deputados).
Nenhum governista divulga a lista com todos os nomes desses 321 deputados que supostamente já garantiram seu voto a favor.
Segundo a Folha apurou, todos os números que o governo divulga não são seguros. A estratégia é dizer que está crescendo a adesão criar um clima de otimismo.
Senadores
Na contagem de ontem, os governistas dizem que não estão considerando nenhum voto das bancadas dos Estados de Goiás e Pará. E contariam apenas um voto da bancada da Paraíba.
Esses três Estados são as bases eleitorais dos senadores do PMDB que se posicionam de forma mais radical contra a votação da emenda da reeleição em janeiro: Iris Rezende (GO), Jader Barbalho (PA) e Ronaldo Cunha Lima (PB).
Participaram da reunião de ontem, além do anfitrião Luís Eduardo, os deputados Michel Temer, José Aníbal (PSDB-SP) e Inocêncio Oliveira. Estava presente também o ministro Sérgio Motta.
Os participantes da reunião fizeram questão de mencionar casos de deputados dados como perdidos, mas que podem votar a favor.
Por exemplo, o deputado Sandro Mabel (PMDB-GO). Esse parlamentar montou o primeiro comitê pró-reeleição do país, mas é ligado ao senador Iris Rezende, que é contra votar a reeleição já.
Os governistas também concluíram na reunião de ontem que já estariam a favor da reeleição os deputados liderados pelo ex-governador mineiro Newton Cardoso.
Em troca, Cardoso, que hoje é prefeito de Contagem (MG), receberia alguma contrapartida do governo federal. Pode ser alguma indicação para um ministério ou ajuda para sua cidade sanar suas dívidas.
(DANIEL BRAMATTI, DENISE MADUEÑO E FERNANDO RODRIGUES)

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