São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Pádua ri e bate palma ao ouvir depoimentos

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O réu Guilherme de Pádua, 27, riu, balançou a cabeça e aplaudiu de modo debochado a leitura dos depoimentos de seus ex-colegas na Rede Globo, os atores Alexandre Frota e Maurício Mattar.
As atitudes irônicas foram o destaque do segundo dia do julgamento do acusado pelo assassinato da atriz Daniella Perez, no plenário do 1º Tribunal do Júri, no centro do Rio.
Daniella foi morta na Barra da Tijuca (zona sul do Rio) em 28 de dezembro de 1992.
O presidente do júri, juiz José Geraldo Antônio, 55, não advertiu Pádua, que chegou a abaixar a cabeça até a altura dos joelhos, como se estivesse manifestando a intenção de não continuar ouvindo os depoimentos.
A leitura de 49 depoimentos contrários ao réu e à sua ex-mulher Paula Thomaz, 23, foi pedida ao juiz pelo promotor José Muiñoz Piñeiro Filho, 39. Ainda não está definida a data do julgamento de Paula.
Palmas
Pádua começou a demonstrar irritação quando foi lido o depoimento que o ator Alexandre Frota, 33, prestou na 16ª DP (Delegacia de Polícia), na Barra da Tijuca (zona sul), dois dias após o crime.
No depoimento, Frota chama Pádua de "pessoa invejosa, ciumenta e agressiva". O ator acusou Pádua de ameaçá-lo com um pedaço de pau após disputarem uma luta de judô no palco do Teatro da Galeria (Flamengo, zona sul). Os dois atuavam no elenco da peça de teatro "Blue Jeans".
Ao ouvir a leitura, o réu riu, ao mesmo tempo em que balançava a cabeça. A seguir, bateu palmas.
O depoimento lido em seguida foi o do ator Maurício Mattar, também prestado na 16ª DP dias após o assassinato.
No trecho em que Mattar afirma que Pádua costumava passar a mão "nos órgãos genitais" de colegas de teatro, o acusado tentou demonstrar um ar de incredulidade. Ele levou a mão direita ao queixo, passando a olhar fixamente para o juiz. A seguir, balançou a cabeça, como se estivesse reclamando do conteúdo do depoimento.
Em seguida, foi lido o depoimento de Fabiana de Sá, que à época do crime era mulher de Maurício Mattar. Ela classificou Pádua de "violento" e Paula, de "ciumenta".
Durante a leitura do depoimento de Fabiana, o acusado fechou os olhos e apoiou o rosto na palma da mão direita, dando a impressão de que estava dormindo.
As leituras pedidas pela promotoria começaram às 12h30 e terminaram às 18h15. Os depoimentos, lidos por funcionários do Tribunal aos jurados, foram prestados à Polícia Civil e à Justiça nos últimos quatro anos.
Depois da leitura dos depoimentos, concluída às 18h15, os jurados passaram a analisar as fotos do cadáver de Daniella e do local do crime e os laudos periciais.
Essa etapa foi encerrada às 19h15, quando o juiz suspendeu o julgamento novamente.

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