São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997 |
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Plenário do júri tem até vendedores ambulantes
WILSON TOSTA
O resultado é um calor ainda mais intenso que o da rua. Somadas ao calor, a lotação e a desorganização trouxeram desconforto a quem acompanha desde quarta-feira o julgamento de Guilherme de Pádua. Rigorosos com os curiosos e com pessoas não credenciadas, os seguranças do Tribunal de Justiça permitem a entrada de vendedores de água mineral. No fim da noite de quarta-feira, o primeiro dia do julgamento, a segurança já havia afrouxado e podia-se chegar sem credencial à ante-sala e à parte reservada à imprensa. Sanduíches Foi o que fizeram os vendedores ambulantes que, enquanto Guilherme de Pádua contava sua versão para a morte de Daniella Perez, durante mais de cinco horas, ofereciam aos repórteres e aos outros assistentes sanduíches de queijo branco, salgadinhos e refrigerantes. Localizado atrás do Palácio da Justiça, na rua Dom Manuel, no centro do Rio, o prédio concentra varas de falência e chama a atenção por seus vitrais, principalmente os do plenário. Nos vitrais, há inscrições em latim e até uma figura representando orador romano Cícero. Proibidas pelo juiz de filmar o julgamento, as equipes de televisão encheram a ante-sala do plenário de cabos e refletores, nos quais é fácil tropeçar. Ali, repórteres de rádio narram o julgamento ao vivo, ouvindo os depoimentos do tribunal pelo sistema de som. Fotógrafos e repórteres assistem à sessão de uma pequena arquibancada, localizada um andar acima do plenário. Ali, cada fotógrafo improvisou o lugar de seu veículo, com um papel em que escreveu, à mão, o nome do jornal ou revista para que trabalha, pregado sobre o parapeito de mármore. "Aquilo ali pode filmar?", pergunta, desconfiado, um dos funcionários do tribunal, apontando para uma câmera com teleobjetiva (lente para fotografias de longa distância). O uso de celulares no recinto é proibido, mas boa parte dos jornalistas ignora a proibição, causando protestos de assessores de imprensa do Tribunal de Justiça e repetidos pedidos de silêncio por parte de outros jornalistas. Texto Anterior: Jurados dormem com lençol emprestado Próximo Texto: O politicamente incorreto terno 'assassino' Índice |
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