São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Castellões permanece fiel à própria história

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Existem restaurantes com os quais São Paulo tem uma dívida de gratidão que vai além do fato de existirem e restaurarem nossas forças. Lugares como o Gigetto, ou a Castellões.
O Gigetto cumpriu sua missão histórica não apenas abrigando boêmios, beberrões, todo tipo de gente -até jornalistas, famílias domingueiras e artistas desamparados. Ele criou uma escola, a das cantinas paulistanas que depois se espalharam, além de ter formado uma geração de profissionais que abasteceram a cidade.
A Castellões, veterana e altiva, tem um ativo semelhante, embora de trajetória mais discreta. Artistas -e gente do que depois veio a ser chamado de mídia- frequentavam o Gigetto. Mesmo porque a Castellões, inamovível, continua ancorada no mesmo porto onde nasceu há seis décadas, uma rua do Brás que ficou longe do rumo que a clientela tomou.
Mais: paulistanos comem pizza (o forte da Castellões) em dia fixo, não toda noite. E o tributo que devemos ao restaurante deve-se ao fato de que hoje suas pizzas, ou algo semelhante a elas, se espalharam pela cidade pelas mãos de seus antigos funcionários que abriram novas casas.
Mas nem por tudo isso uma visita à Castellões tornou-se dispensável. É preciso ver seu inimitável ar de cantina, que consegue dar elegância à presença de garrafas penduradas, com linguiças, em locais estratégicos do teto. Fotos antigas da cidade mostram o orgulho da família por ostentar uma tradição de três gerações. Uma prateleira com antigas garrafas de uísque é um deleite suplementar para o cliente.
Bem, há o cardápio de massas tradicionais de cantina que não são seu ponto alto, mas não a diferem da média das cantinas onde se gasta pouco.
E há pizzas servidas com sabedoria, assadas em forno calejado, mais para espessas, mas macias por dentro e crocantes.
Sem invenções mirabolantes: ali se vai para comer margheritas ou pizzas de calabresa, entre outras poucas sugestões tradicionais.
Ou para comer a única invenção da casa, capaz de arrepiar os rabichos do mais distraído rabino: a pizza Castellões, que combina mozarela e linguiça calabresa.

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