São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997 |
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Acusação pede que jurado esqueça perícia
WILSON TOSTA
Representando a escritora Glória Perez, mãe da atriz, e Raul Gazzola, viúvo de Daniella, Lavigne -que dividiu a acusação com o promotor José Muiños Piñeiro Filho-, procurou, com isso, minimizar a importância de provas inconclusivas ou vagas quanto à culpa de Pádua. "Cuidado com essas perícias, senhores jurados!", afirmou o advogado. "Cuidado com peritos que dão depoimento no dia em que deveriam estar aqui e depois não comparecem", disse ele, referindo-se ao perito Mauro Ricart, que, após dar uma entrevista sobre o caso à Rede Globo, na última quarta-feira, não foi depor, alegando uma crise renal. Na entrevista, Ricart afirmara que, ao contrário do que diz a promotoria, a mistura de água e querosene, que teria sido usada para lavar o sangue do carro usado por Pádua na noite do crime, deixaria cheiro característico, o que não foi comprovado pela perícia, então chefiada por Ricart. Lavigne lembrou que, em 1964, seis meses após o assassinato do presidente americano John Kennedy, a Comissão Warren, que o investigara, não conseguiu descobrir os motivos que teriam levado Lee Oswald a cometê-lo. Ele também disse que a imprensa norte-americana critica acusação e defesa do caso O. J. Simpson, que transformaram o julgamento em uma "guerra de perícias". Simpson foi absolvido da acusação de matar sua ex-mulher. "Que perícias, meu Deus, o que é que é isso? Nós temos que afirmar valores. Quando se pune o crime de homicídio, estamos dizendo: 'Daniella, você tinha o direito de viver!"', afirmou Lavigne. O acusador procurou explorar a própria versão apresentada pelo réu, destacando o que considerou pontos suspeitos, contraditórios ou mentirosos. "Aquele local (onde Daniella foi achada morta) não é para ninguém conversar, seja o assunto que for", afirmou. "É um local para encontrar cadáveres." Para Lavigne, o crime foi motivado pelo ciúme doentio de Paula Thomaz, na época do crime casada com o ator. Piñeiro Filho -que, assim como Lavigne, falou por uma hora e dez minutos-, optou, em contraste, por um caminho técnico. Primeiro a falar, depois de ler o libelo crime-acusatório, em que o MP acusa Pádua de homicídio duplamente qualificado, historiou as investigações, citando depoimentos, perícias e provas. Texto Anterior: Os personagens do julgamento Próximo Texto: FRASES DA ACUSAÇÃO Índice |
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