São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Os personagens do julgamento

- Juiz
José Geraldo Antônio, 55
Titular do 2º Tribunal de Justiça do Rio, é responsável por dois outros rumorosos processos judiciais em tramitação: os das chacinas da Candelária e de Vigário Geral. Assumiu a presidência do Tribunal há dez meses, com a morte da juíza Maria Lucia Capiberibe. De atuação discreta nos dois primeiros dias do julgamento, mudou no terceiro dia, quando repreendeu com veemência o advogado de defesa, Paulo Ramalho

- Réu
Guilherme de Pádua Thomaz, 27
Natural de Minas, veio para o Rio na década de 80 para seguir a carreira artística. Contratado pela TV Globo em abril de 1990, ganhou seu primeiro papel de destaque na novela "De Corpo e Alma" -quando contracenou com Daniella Perez. Escreveu um livro sobre o caso, cuja circulação está proibida. Em seu depoimento, reproduziu a história contada no livro, chegando a "encenar" algumas situações

- Promotor
José Muiños Piñeiro Filho, 39
Lotado no 2º Tribunal do Júri, também atua nos casos das chacinas da Candelária e de Vigário Geral. Piñeiro conseguiu a condenação de dois dos réus da Candelária, Marcos Vinícius Borges Emmanuel e Nelson Cunha, e pediu a absolvição de três outros acusados. É ele que apresenta aos jurados a tese do Ministério Público, que incrimina o acusado Guilherme de Pádua. Os contatos com o juiz e o advogado de defesa são feitos por ele

- Promotor
Mauricio Assayag, 37
Também lotado no 2º Tribunal do Júri, divide com José Muiños Piñeiro a acusação nos três processos (Daniella Perez, Candelária e Vigário Geral). Mais reservado, costuma deixar para Piñeiro a atribuição de falar aos jurados. Nos dois primeiros dias do julgamento coube a ele a tarefa de passar aos jornalistas as opiniões da promotoria sobre o caso

- Assistente de acusação
Arthur Lavigne, 55
Secretário estadual de Justiça durante o governo de Nilo Batista, Lavigne foi convidado pela novelista Glória Perez, mãe de Daniella, para auxiliar os promotores designados pelo 2º Tribunal. Tem dado atenção especial a Glória durante o julgamento. Quando a mãe de Daniella se ausenta do plenário, faz questão de protegê-la do assédio dos jornalistas

- Advogado de defesa
Paulo Roberto Alves Ramalho, 39
Entrou no caso na condição de defensor público depois que os advogados contratados pela família de Pádua desistiram de defendê-lo. Dois anos depois do crime, um novo defensor foi designado para o caso, mas Ramalho decidiu continuar no processo, passando a atuar como advogado particular de Pádua. Costuma dizer que, dos quase 600 júris dos quais participou, perdeu apenas cinco. Sua atuação no tribunal vem sendo considerada "elétrica": entra e sai do tribunal a todo momento e gesticula com veemência

- A vítima
Daniella Perez
Assassinada aos 22 anos, era filha da novelista Glória Perez, autora da novela "De Corpo e Alma", da Rede Globo, em que interpretava o papel de maior destaque de sua curta carreira: Yasmin, que formava um par romântico com o ator Guilherme de Pádua. Daniella começou a dançar aos 5 anos de idade e iniciou carreira artística aos 18 anos. Três anos antes de ser morta, apareceu pela primeira vez na televisão, como uma das dançarinas da novela "Kananga do Japão", da Rede Manchete. Era casada com o ator Raul Gazolla

- A outra acusada
Paula Thomaz, 23
Filha única de jornalistas empregados no serviço público federal, Paula sempre viveu na zona sul carioca. Teve infância e adolescência típicas de menina de classe média carioca. Conheceu Guilherme de Pádua aos 16 anos e se casou com ele dois anos depois. Quando foi presa, estava grávida. Na prisão, teve o filho Felipe, separou-se do marido, concluiu o 2º grau e foi aprovada em vestibular para direito. A Justiça não a autorizou a cursar a Universidade Salgado de Oliveira, em São Gonçalo (20 km do Rio). O julgamento dela não tem data marcada, mas deve acontecer só em abril

- A mãe da vítima
Glória Perez, 47
Novelista, a mãe de Daniella Perez escrevia, na época do crime, a novela "De Corpo e Alma", em que a filha atuava. Em sua última novela, "Explode Coração", inovou ao incluir na trama mães verdadeiras de filhos desaparecidos. Destacou-se ao acompanhar de perto as investigações do crime. Liderou um grupo de artistas na coleta de 1,3 milhão de assinaturas para um projeto de lei popular classificando o homicídio qualificado como crime hediondo

- Jurados
. Anhanguera Matheus de Freitas
Funcionário da Petrobrás há 28 anos, jurado pela 1ª vez
. Roseli Maria Sobral
Funcionária pública aposentada, jurada pela 3ª vez
. José Ribamar Rodrigues da Silva
Funcionário administrativo do INSS, jurado pela 1ª vez
. Paulo César Batista Vaz
Economista da Caixa Econômica Federal, jurado pela 2ª vez
. Lenilson dos Santos Albuquerque
Chefe do setor administrativo do INSS, jurado pela 1ª vez
. Octavio Renato Monteiro de Almeida
Aposentado, foi diretor do Colégio Pedro 2º, jurado pela 6ª vez
. Vera Maria Fernandes
Assistente administrativa da Companhia Docas do Rio de Janeiro, jurada pela 5ª vez

- Testemunhas (que depuseram)
. Flavio de Almeida Bastos
Era frentista do posto Nova Alvorada, na Barra da Tijuca, onde Daniella teria parado para abastecer. Disse ter visto um Santana dar uma fechada no Escort, quando a atriz deixava o posto. Afirmou ter visto também Guilherme de Pádua dar um soco e uma gravata em Daniella e a colocado no banco do carona. Uma terceira pessoa, que ele não viu, teria assumido o volante do Santana. Testemunha da acusação, depôs na noite de quinta-feira. Não foi interrogado pela defesa por ser gago, segundo o advogado Paulo Ramalho
- Antonio Clarete de Moraes
Desempregado, era frentista do posto Nova Ipanema em 92. Disse ter lavado o carro de Guilherme de Pádua, removendo manchas de sangue. Testemunha de acusação, depôs na quinta-feira. Em seu interrogatório, a defesa tentou mostrar contradições na versão do frentista, que só falou sobre o crime sete meses depois do assassinato. Ele diz também ter visto Paula Thomaz no local
- Abrão Lincoln de Oliveira
Legista e diretor do IML no Rio. Testemunha da defesa. Periciou o corpo de Daniella Perez. Entrou em contradição, durante o depoimento, com o que havia, ele mesmo, escrito no laudo sobre a necropsia. Foi acusado pelo advogado de defesa de tentar prejudicar o réu
- Hugo da Silveira
Advogado, 64, passou de carro pelo local do crime e anotou a placa do carro de Guilherme de Pádua. Estranhando dois veículos parados no matagal (o Santana do ator e o Escort de Daniella), passou uma segunda vez e diz ter visto Paula Thomaz com Pádua. Depôs na quinta-feira à noite. Embora tenha sido testemunha da acusação, seu depoimento confirma a versão do réu

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