São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Zé Roberto descarta culpa em 'vaivém'

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos 22 anos, afirma que pecou pela inexperiência e que o caso não abalou seu relacionamento com os dirigentes do time paulista.
Zé Roberto diz que foi procurado duas vezes, uma pelo empresário e outra pelo conselheiro, a quem já conhecia há tempos.
Aésar de ter desconfiado do primeiro contato, assinou o pré-contrato.
*
Folha - Muito tem se falado sobre o caso Zé Roberto-Cragnotti-Real Madrid, mas pouco se sabe sobre a sua versão do episódio. O que aconteceu de fato?
Zé Roberto - O empresário que estava fazendo a negociação, Juan Figger, me chamou pra conversar e disse que eu estava sendo vendido para o Real Madrid. Fiquei desconfiado, porque ninguém da Portuguesa havia me dito nada e nem fui no escritório dele. Uma semana depois, o Mário Carvalho foi em minha casa, dizendo que eu tinha que assinar o pré-contrato logo, porque o prazo para a inscrição no Espanhol estava em cima.
Folha - Você assinou o contrato sem antes comunicar à presidência do clube?
Zé Roberto - Assinei. Esse conselheiro vive no clube há muito tempo, sempre fez de tudo por lá. Para mim, ele estava sendo mandado pelo presidente e não tinha problema nenhum.
Folha - Até então, você não sabia que estava sendo negociado com a Lazio?
Zé Roberto - Não. Alguns dias depois, o presidente veio me chamar pra falar do contrato com a Cragnotti e dizer que a minha ida para a Lazio era uma das cláusulas. No dia seguinte a essa conversa, ele ficou sabendo do pré-contrato com o Real Madrid e ficou doido com os caras, que não tinham avisado nada a ele. Ele ficou ferrado com esse conselheiro. A partir daí, resolveu não fazer nenhum negócio com o Real, porque o clube não havia sido consultado.
Folha - Como você se sente, sendo o causador de um episódio que prejudicou a Portuguesa?
Zé Roberto - Estou tranquilo, não me sinto culpado. Tem gente que vai pelo que ouve ou o que lê sem saber a história real, mas não importa o que esses pensam, o que vale é que estou bem com minha consciência. Não tive culpa nenhuma, foram o Mário e o Figger que ferraram a história.
Folha - Os dirigentes reclamaram de você ou fizeram pressão?
Zé Roberto - De forma alguma, até apoiaram. Ficaram nervosos com o Mário, que está proibido de entrar no clube. Não tinham por que ficar nervosos comigo, porque eu fui induzido. Isso pode acontecer com qualquer jogador novo. Da mesma forma que aconteceu comigo poderia ter acontecido com o Rodrigo ou qualquer profissional que está começando.
Folha - Você renovou com a Portuguesa. Depois de tudo, ainda há clima para continuar no clube?
Zé Roberto - Com certeza. Gosto da Portuguesa como se fosse a minha casa, e o que eu tenho hoje devo à ela. Vou jogar o Paulista e quero jogar bem.

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