São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Refém do terror leva campeonato no Peru

MARCILIO KIMURA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com fama de pouco habilidosos, os japoneses do time peruano Aelu (Asociación Estadio La Unión) conquistaram o título da 3ª divisão do país, que tem 600 participantes.
A comemoração do presidente do clube, Carlos Morioka Okada, porém, não foi completa.
Ele acabou refém, por cinco dias, do Movimento Revolucionário Tupac Amaru, que mantém até hoje outras 73 pessoas na casa do embaixador japonês, Morihisa Aoki, em Lima, capital do Peru.
"Por quatro dias, comemos apenas um prato pequeno dividido em quatro pessoas. Depois, a única água era distribuída em alguns galões fornecido pela Cruz Vermelha", disse.
O dirigente, que é também médico-cirurgião, fez o curativo do guerrilheiro, que foi o único ferido até sexta-feira na ação terrorista.
O rebelde atirou para cima, durante a tentativa de fuga de um capitão da Marinha local. A bala ricocheteou em um cano de ferro e acabou atingindo sua perna.
"Depois que fui libertado é que percebi quantos amigos tinha. Todos fizeram vigília em minha casa, procurando ajudar minha família", afirmou Okada.
Seu clube, o Aelu, é composto somente por descendentes japoneses. Os jogadores da equipe chegaram anteontem a São Paulo, onde disputam três amistosos.
Ontem, enfrentariam o União de Araras. Hoje, jogam duas partidas contra o Nippon Country Club.
Amadorismo
Outra peculiaridade do Aelu é o repúdio ao profissionalismo. Mesmo tendo disputado a primeira divisão até 1990, o time prefere não utilizar assalariados.
"Nós caímos para a segunda divisão e depois para a terceira quando começamos a contratar profissionais, jogadores que recebiam até US$ 80 mil por ano. Os amadores rendem mais", disse Okada.
No time, somente o técnico é contratado. Recebe um salário mensal de US$ 600,00.
"Não cobramos nada também pela venda dos nossos jogadores. É uma honra criarmos atletas que despontam como ídolos nacionais", acrescentou o dirigente.

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