São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Contrapeso

SÍLVIO LANCELLOTTI

Ópera Bufa. Não existe outra expressão para justificar, italianamente, as tolices que Palmeiras e Portuguesa andam cometendo com os seus ostensivos e com os seus prometidos patrocinadores peninsulares.
Ato 1 - Mustafá Contursi dá um golpe de Estado e, por meio de um conselho deliberativo submisso e tolerante, apunhala as costas do seu vice, Seraphim del Grande, e multiplica o seu mandato, pela eternidade.
Consequência - Empresa seriíssima, ciosa de sua marca e sua tradição, a Parmalat decide apenas respeitar o seu contrato em vigor. Não mais favores e não mais proteções, enquanto a situação não se aclarar.
Ato 2 - Num lance de robusta genialidade, Sergio Cragnotti, leia-se Grupo Bombril e correlatos, decide apoiar a Portuguesa. Claro, um formidável financista, Cragnotti pensa no futuro. Trata-se de um empresário de visão. Para Gragnotti, a Portuguesa é sinônimo de um milhão de padarias, pontos de venda dos seus laticínios, dos seus molhos, do seu macarrão.
Cragnotti, entretanto, não costura sem os nós indispensáveis. Quer uma contrapartida rapidinha: Zé Roberto e Rodrigo para sua Lazio de Roma, como esta coluna antecipou três semanas atrás. No interregno, Cragnotti descobre que a Portuguesa já cedeu Zé Roberto ao Real Madrid.
Consequência - Acabou-se a brincadeira que era doce.
Mestre Matinas já chegou na sua enésima parte de um alentado raciocínio a respeito da imperiosidade, perdão pela rima, da modernidade e da globalização do futebol no Brasil. "Bravíssimo il capo nostro".
Patéticos os cartolas do país. Quem tem a cabecinha do tamanho de uma ervilhazinha jamais fará com ela uma sopa, sequer de pedregulhos.
Tudo bem. A modernidade só vai chegar quando os cartolas do país, de novo perdão pela rima, conseguirem um tiquinho de maturidade.

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