São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Megaprojeto revive Martin Luther King

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Martin Luther King Jr., a única pessoa nascida no século 20 homenageada com um feriado nacional nos EUA, vai ser o objeto de gigantesco projeto de multimídia, que incluirá uma autobiografia póstuma, livros, discos, CD-ROM, vídeos e um site na Internet.
A família de King fechou contrato com a Time-Warner para produzir o gigantesco material. Seu objetivo é tornar acessível ao público praticamente todos os detalhes da vida de King. "Vai ser uma enorme contribuição para promover os ensinamentos de meu marido. Agora, seu legado vai ser disseminado por todo o mundo", diz Coretta Scott King.
Em entrevista à Folha, um dos coordenadores do projeto, o historiador Clayborne Carson, da Universidade de Stanford, disse que no 30º aniversário do assassinato de King, em 1998, sua autobiografia será lançada.
Carson, 52, é o "autor" da autobiografia. "Eu estou selecionando todas as referências a respeito de si próprio que King escreveu ou disse. O resultado será muito próximo da autobiografia que ele teria feito se não tivesse sido morto."
Nem mesmo a viúva de King teria melhores condições do que Carson para desempenhar essa tarefa. Desde que participou da célebre Marcha sobre Washington, em 1963, quando King fez o seu mais famoso discurso ("Eu Tenho Um Sonho"), Carson estuda seu ídolo.
Depois de ter consultado mais de 200 arquivos ao redor do mundo e ter conversado com centenas de pessoas que o conheceram, conseguiu reunir praticamente tudo o que King escreveu.
Esse material está sendo publicado na íntegra pela Editora da Universidade de Stanford. Dois volumes, que cobrem a infância e a juventude do líder do movimento pelos direitos civis dos EUA, já foram publicados. Outros 12 serão lançados nos próximos 20 anos.
A autobiografia póstuma é uma espécie de síntese da pesquisa de Carson. Ele não quer falar muito sobre o conteúdo do livro. Mas dá um exemplo: em carta logo após a eleição presidencial de 1960, King se refere a Richard Nixon, então derrotado por Kennedy, como "covarde moral".
Nem a família King nem a Time-Warner divulgam quanto a empresa paga pelos direitos sobre o material.

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