São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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EUA combatem o preconceito

GILBERTO DIMENSTEIN

Para produzir uma reportagem sobre discriminação contra gordas, uma repórter da rede americana de televisão CBS decidiu usar um truque.
Com uma câmara escondida, a esbelta repórter foi procurar emprego de secretária. Foi bem-recebida, com promessas de que possivelmente aquele cargo seria seu.
No dia seguinte, a repórter voltou aos mesmos lugares, desta vez com enchimento no corpo que a tornava gorda. Disseram que as vagas já estavam ocupadas.
As gordas americanas têm uma vantagem: vivem num país mais ágil para combater a discriminação, onde impera a cultura do politicamente correto e se espalham milhares de associações com peso eleitoral.
Nos EUA, não é uma questão menor: segundo o Centro Nacional de Estatísticas, um terço das mulheres seriam gordas.
A década de 90 viu surgir uma rebelião contra a ditadura estética. Começou em Los Angeles, com um movimento intitulado "Fat is beautiful" -uma referência ao slogan "Black is beautiful".
O movimento visa derrubar o conceito de que ser gorda é sinônimo de preguiça ou doença. Pesquisas feitas pela Universidade Rockfeller (NY) enriqueceram esse discurso, revelando a relação entre gordura e genética.
Nesse mercado emergente, surgiu a primeira revista dedicada à mulher gorda, intitulada "Big Beautiful Woman", um sucesso editorial. Outra revista, chamada "Latino", prometeu banir os modelos "cadavéricos" de suas páginas.
O resultado do movimento começou a aparecer nas lojas em 95. As grandes magazines começaram a vender roupas de grife com modelos de número maior e o resultado foi surpreendente.

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