São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997 |
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Novo 'plim-plim' prega a vingança
FRANCISCO MARTINS DA COSTA
Elas deveriam ser educativas e conter ensinamentos e dicas sobre saúde, trânsito e cidadania, mas fica difícil entender como é que podem ser considerados educativos os novos desenhos. O material estimula o revide como forma de aprendizado e mostra personagens sofrendo as piores consequências por não terem se comportado de maneira politicamente correta. Exemplos: um rapaz que não põe o cinto de segurança para assistir a um mero filme de ação na TV é arremessado do sofá; um orelhão agride e faz pouco de um rapaz que tenta depredá-lo e um bebê urina nos carros parados na calçada. Outro exemplo muito "educativo" é o do funcionário que pinta a faixa de segurança no asfalto quando um carro pára no cruzamento e é pichado com a tinta da faixa de rua por ter avançado na área de pedestres. Outro "cidadão" recolhe as fezes deixadas pelo cãozinho de uma senhora na calçada e as deposita na bolsa da dona do animal. No total, já estão no ar 18 vinhetas, todas criadas por cartunistas conhecidos, como Ziraldo, Borjalo, Aroeira, Jaguar, Nani e Miguel Paiva. Até o final do ano, 22 novos desenhos devem ganhar a tela da emissora. Os desenhos são divertidos, mas o problema é que eles têm sempre uma mensagem moralista e reducionista. O que poderia ser um bom serviço para o telespectador, acabou se revelando apenas mais uma tolice -como a série anterior, onde seios de mulheres nuas anunciavam "plim-plim". A pretexto de denunciar os maus hábitos do brasileiro, o novo "plim-plim" prega a reação. Como bem expressou o leitor Antônio de Jesus, que enviou um e-mail ao TV Folha, "as vinhetas são, em última análise, uma apologia à violência". Texto Anterior: Autor de novela diz sofrer ameaças Próximo Texto: 'Rei Tar Dado' satiriza os Mezengas e Berdinazzis Índice |
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