São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Data estelar

MARCELO MANSFIELD
ESPECIAL PARA A FOLHA

Com a chegada da TV paga e de canais como o Warner e o Sony, tivemos a oportunidade de rever uma série de seriados que estavam guardadas nos arquivos em preto-e-branco de nossa memória.
A TV Record desenterrou "Zorro", para o deleite das crianças da década de 60, e a TV Gazeta, há mais ou menos oito ou nove anos, relançou uma pequena e clássica lista de títulos que incluía "Rota 66", "Perdidos no Espaço", "Cidade Nua" e "Os Intocáveis". Recentemente, a TV Cultura recolocou no ar "Papai Sabe Tudo" e o meu favorito, "I Love Lucy".
Mas, com exceção de don Diego de la Vega e seu fiel, surdo e mudo mordomo Bernardo, todos já saíram do ar.
Através do cabo, podemos hoje assistir "Jeannie é um Gênio", em branco e preto. Nesses episódios reapresentados, a abertura ainda é narrada e apresenta Barbara Eden "como o incrível gênio das mil e uma noites" e Larry Hagman "como seu amo e senhor". Isso tudo do tempo em que a música-tema -hoje um clássico das secretárias eletrônicas- ainda não fazia parte dos créditos no início do programa.
Ainda no Warner, a irmã Bertrille voa todas as noites sobre Porto Rico sem saber que sua intérprete, a atriz Sally Field, ganharia um Oscar anos depois.
"A Feiticeira" continua enlouquecendo a sra. Kravitz, e "77 Sunset Strip" ainda é um endereço badalado.
Mas, afinal, que fim levaram os outros heróis dos seriados de 30 minutos que infestavam nossa TV há 30 anos?
Quem se lembra de "Hazel", a inconveniente empregada doméstica interpretada por outra favorita do Oscar, Shirley Booth, que só não se metia na intimidade do quarto do sr. e da sra. Baxter porque a moral americana não permitia.
Hazel podia ser metida, mas resolvia todos os problemas em que seus patrões se envolviam. Hazel foi a mãe de todas as Lourdinhas, Jacintas e Nenéns de hoje em dia.
Sua falta de tato só encontrava rival em "Dennis, o Pimentinha", que quase levava seu vizinho sr. Wilson a um enfarte diário. Só um bom médico de plantão conseguiria salvar o pobre velhote. A propósito, em que hospital dr. Kildare está trabalhando hoje em dia?
Richard Chamberlain, mais lembrado hoje em dia por sua participação em séries como "Shogun" e "Pássaros Feridos", era tão famoso entre o elemento feminino que o termômetro que saltava do bolso de seu jaleco médico estava sempre vários graus acima da temperatura normal.
E o que dizer do outro médico famoso da época, dr. Kimble, "O Fugitivo". A série, estrelada por David Jansen, foi transformada há pouco em longa-metragem com Harrison Ford no papel título.
A curiosidade desta série é o fato de ser uma das poucas -senão a única- que teve um episódio final: dr. Kimble encontrava-se com "o homem de um braço só", o verdadeiro assassino de sua esposa.
Além desses três, muitos e muitos outros sumiram das nossas TVs: "Manix", o seriado inglês "Dangerman", a enfermeira "Julia" e seu pequeno vizinho "Earl J. Wagedorn", a moral dissimulada de "Peyton Place", James Drury e "O Homem de Virgínia", "Gunsmoke" (com o gigante James Arness), "Maverick" e "Arquivo Confidencial" (com James Garner), "Ivanhoé" (com o 007 Roger Moore) e "Meus Três Filhos", com Fred McMurray.
Para terminar, o melhor: "Missão Impossível", com Peter Graves, Martin Landau e Barbara Bain. Esse foi, sem dúvida, o mais curioso e bem elaborado seriado sobre a Guerra Fria. E, para matar a saudade, lamento informar que essa coluna se autodestruirá em cinco segundos. Até o próximo domingo.

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