São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997
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Governo vai tentar salvar 15 setores

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo inicia hoje uma corrida contra o tempo para salvar da quebradeira pelo menos 15 setores industriais, escolhidos entre os que mostram potencial maior de incremento nas exportações.
A Secretaria de Política Industrial do MICT (Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo) começa esta manhã a discutir com representantes de cada setor as medidas que podem ser adotadas para modernizar a produção.
Essas medidas constam do estudo "Indústria - Proposta de Ações Setoriais para 1997", de 59 páginas, ao qual a Folha teve acesso.
O documento foi concluído no último dia 26 de dezembro pelos técnicos do MICT, quando o governo já previa o déficit recorde na balança comercial de 1996, que fechou com US$ 5,539 bilhões.
O estudo aponta que a contribuição da indústria na balança comercial do país e na geração de empregos "tem sido insatisfatória, em decorrência do profundo processo de reestruturação pelo qual vem passando o setor".
"Em 1995 e 1996, o déficit da balança comercial de produtos industriais tem superado US$ 5 bilhões, cifra superior ao déficit total", descreve o estudo.
Segundo o ministro Francisco Dornelles (Indústria e Comércio), o estudo é um raio-x de setores que têm condições de responder ao aumento de competitividade, geração de empregos e exportação.
"O nosso objetivo é avaliar, junto com a iniciativa privada, os gargalos existentes nas cadeia produtivas que hoje prejudicam a produtividade", afirma Antônio Sérgio Martins Mello, secretário de Política Industrial.
Essa opção seria a alternativa viável para melhorar a competitividade da indústria nos mercados interno e externo. Isso porque o governo não pode voltar atrás em sua política de abertura comercial para proteger a produção nacional do avanço das importações.
A escolha dos 15 produtos, segundo Mello, segue a lógica do aumento das exportações e do emprego. Ele ainda deve ser completado com a inserção dos diagnósticos sobre os setores automotivo e de agribusiness.
Esse setor, que envolve a produção agrícola e processamento industrial de seus produtos, é considerado carro-chefe nas exportações brasileiras. O automotivo, por sua vez, é o estopim para o desenvolvimento de vários outros segmentos produtivos.
Alca
A pressa do governo em alinhar a produtividade da indústria nacional ao desempenho dos concorrentes estrangeiros responde também aos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
Em 1º de janeiro do ano 2000, a TEC (Tarifa Externa Comum) do Mercosul fixará o nível mais baixo das alíquotas de importação, as listas de produtos de exceção serão extintas e o regime automotivo perderá a validade.
Em 2005, deverá ser implementada a Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Com ela, mais reduções de tarifas de importação.

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