São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997
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Consumidor reclama de atendimento

País tem 6.000 revendas

CLÁUDIA PIRES
DA REPORTAGEM LOCAL

Levar o carro na concessionária continua sendo uma tortura para milhares de brasileiros. Munidos de uma boa dose de paciência, os clientes são obrigados a voltar várias vezes ao local de compra tentando resolver problemas nos carros recém adquiridos.
As associações de redes de concessionárias do país não conseguem explicar o que acontece. Todas, sem exceção, afirmam que estão aprimorando seu serviço e investindo no cliente cada vez mais.
O consumidor nota poucas mudanças. Para se defender, criou até uma associação, a Alenca (associação dos lesados pelas montadoras e concessionárias).
Segundo Belinda Pereira da Cunha, advogada da Alenca, no período de março a dezembro do ano passado -tempo de funcionamento da associação- foram recebidas cerca de 1.200 denúncias.
"Os casos abrangem todas as marcas de veículos. Existem pessoas tentando resolver problemas há mais de dois anos."
O aumento na produção e vendas de veículos no atacado não motivou a abertura de novas concessionárias. Grande parte das redes tem o mesmo número de concessionárias que há cinco anos.
Em 96, a indústria nacional bateu recorde de produção. As montadoras fabricaram 1.813.881 unidades, 11,35% mais que em 95.
As vendas no atacado também aumentaram. De 92 a 96 a alta chegou a 126,7%. Já o número de concessionárias permaneceu praticamente inalterado.
Atualmente existem 6.000 revendas no país, cerca de 10% a mais que há cinco anos.
Serviço
As redes de concessionárias não atribuem os problemas de atendimento ao baixo crescimento das lojas. Segundo as associações, o número de revendas está "dentro dos padrões do mercado".
Algumas, como a Volkswagem por exemplo, até reduziram o número de concessionárias em 96. De acordo com Paulo Simões, presidente da Assobrave (associação das concessionárias Volkswagem), 27 revendas foram vendidas no ano passado.
Simões garante que a rede está investindo no atendimento. "Temos um serviço em que o cliente fica sendo contatado regularmente após a venda para identificarmos eventuais problemas."
A rede Ford também reduziu o número de concessionárias, que passaram de 420 para 411 unidades em 96. "Isso acompanha o movimento do mercado", afirma Paulo Saab, vice-presidente executivo da Abradif (associação das concessionárias Ford).
Já na Abracaf -que reúne as concessionárias Fiat- serão implantados projetos para melhorar o atendimento em 97. "Vamos franquear oficinas e treinar o atendimento pós-venda. Também teremos uma equipe para avaliar os problemas e resolvê-los na linha de produção", afirma o presidente Humberto Pereira Carneiro.

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