São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
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Decisão sobre desincompatibilização deve ir ao STF

DANIEL BRAMATTI; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A possibilidade de o presidente Fernando Henrique Cardoso concorrer à reeleição sem deixar o cargo deve ser resolvida pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Uma mudança feita ontem no texto da emenda da reeleição provocou polêmica sobre a necessidade ou não de desincompatibilização (saída do cargo) de candidatos que ocupam cargos executivos.
Foi suprimida a permissão para que os governantes concorressem à reeleição no exercício do cargo. Ou seja, o texto aprovado não diz que o governante precisa deixar o cargo (como é hoje) nem diz que pode permanecer até a eleição.
A mudança foi pedida pela oposição, que, com isso, queria impedir que FHC concorresse sem deixar a Presidência.
Os líderes governistas, temendo dissidências na base de sustentação, acabaram apoiando a mudança, aprovada por 391 votos a 13. Mesmo com a alteração, os governistas continuaram afirmando que o presidente está autorizado a permanecer no cargo.
"A expressão retirada era redundante. A Constituição não proíbe que candidatos à reeleição permaneçam no cargo", disse o autor da emenda, deputado Mendonça Filho (PFL-PE).
"Vamos ao Supremo e vamos ganhar", afirmou o petista Marcelo Déda (SE). Para ele, a Constituição não menciona a desincompatibilização em casos de reeleição por um motivo "óbvio": a reeleição não era permitida.
O único artigo que trata da desincompatibilização se refere à necessidade de um candidato deixar o cargo executivo quando for disputar "outros cargos".
"Se a Constituição não fala em desincompatibilização para disputar o mesmo cargo, então pode", simplificou o líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA).
A opinião tem o aval do ministro Nelson Jobim (Justiça). Ele esteve no Congresso ontem e orientou os governistas. Segundo Benito, o ministro consultou diversos constitucionalistas sobre o caso.
Se a interpretação estiver correta, um governador de oposição que quiser disputar a Presidência com FHC no ano que vem terá uma dupla desvantagem: precisará renunciar ao cargo seis meses antes, enquanto FHC poderá permanecer no Planalto.
Renúncia
A sessão de ontem, em que a votação da emenda foi concluída, alterou outro ponto da proposta. Foi eliminada a possibilidade de que governadores e prefeitos concorressem a outros cargos executivos sem renunciar aos mandatos.
(DANIEL BRAMATTI E DENISE MADUEÑO)

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