São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
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FHC prega 'trabalho sem arrogância' para 2º turno

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No dia seguinte à aprovação da emenda da reeleição em primeiro turno na Câmara, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que apenas a "primeira etapa" foi vencida. "Vamos continuar com humildade, sem arrogância", afirmou.
"Vamos continuar trabalhando porque há um segundo turno. Trabalhando para evitar alguma votação, às vezes de última hora, impensada, em que se deturpe aquilo que foi o pensamento original do legislador."
FHC participou pela manhã de cerimônia com 200 prefeitos, que foram pressionar o Congresso para que a reeleição fosse aceita também para seus cargos.
FHC usou a mesma argumentação dos opositores da reeleição para provar que casuísmo é não aprovar a emenda. "Há aqueles que se opõem porque temem que algum eventual ocupante possa derrotá-lo nas urnas, mas isso é casuísmo. É querer ganhar no tapetão", disse.
Estrutura pública
FHC observou ainda que, aprovada ou não a reeleição, serão eleitos apenas os políticos que tiverem prestígio e popularidade.
Ele lembrou que a experiência em países que permitem a reeleição mostra a dificuldade dos governantes de conservar o apoio dos eleitores no decorrer do primeiro mandato.
Disse que o uso da máquina administrativa não define uma eleição. "Quem pensa que, por meio da manipulação da máquina, consegue se manter no governo, está equivocado. Vai ser muito difícil a reeleição", afirmou.
Na avaliação do presidente, não se deve "confundir o instituto da reeleição com a reeleição dos atuais ocupantes". "Ninguém deve votar pensando nisso."
FHC agradeceu os parlamentares pela aprovação da emenda.
"Acho normal que o presidente, depois da decisão de ontem (anteontem), expresse sua satisfação, agradecimentos e a convicção de que o Congresso decidiu pensando que o Brasil é uma sociedade amadurecida", declarou.
FHC fez também um apelo ao Congresso para que a reforma administrativa seja votada ainda na convocação extraordinária, que termina em 6 de fevereiro.
O deputado Welson Gasparini (PSDB-SP), presidente da Associação Brasileira de Municípios, pediu a FHC que desbloqueasse as cotas do Fundo de Participação dos Municípios por seis meses das cidades em débito junto ao INSS.
O presidente cobrou dos prefeitos o pagamento de tazas obrigatórias, como o IPTU, antes de ser complacente com a renegociação da dívida.
Ruth
A primeira-dama Ruth Cardoso disse ontem ter achado "ótimo" o resultado de ontem. Ela afirmou que, "a julgar pelo que aconteceu ontem (anteontem)", a aprovação em segundo turno está garantida. "Se não estiver, também não tem importância." Ela disse não saber se FHC é candidato à reeleição. "Isso ninguém saberá hoje. Nem ele, de maneira nenhuma."

Colaborou a Sucursal do Rio

LEIA EDITORIAL
sobre os efeitos da aprovação da emenda à pág. 1-2

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