São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
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Câmara rejeita plebiscito e referendo para a reeleição

DANIEL BRAMATTI; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Câmara rejeitou ontem as duas possibilidades de consulta popular para permitir que o presidente FHC concorra à reeleição.
Não foi atingido o número mínimo de 308 votos (do total de 513 deputados) para a aprovação do referendo e do plebiscito.
Os partidos de oposição (PT, PC do B e PDT), juntamente com o PPB, tentaram incluir a consulta popular na emenda do deputado Mendonça Filho (PFL-PE), aprovada anteontem.
Os partidos que apóiam o governo (PFL, PSDB, PMDB e PTB) ficaram contra a proposta. A favor da realização do plebiscito votaram 135 deputados, 173 a menos que o mínimo necessário.
Os votos contrários foram em maior número. O placar registrou 248 votos contrários e 1 abstenção. A proposta previa a realização da consulta popular antes da conclusão de votação da emenda da reeleição pelo Congresso.
A exigência de plebiscito foi apresentada pelo então deputado Beto Mansur (PPB), prefeito de Santos, do partido do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf, um dos maiores adversários da reeleição.
A segunda tentativa de incluir a consulta popular também foi derrotada. A proposta, que previa a realização do referendo, obteve 169 votos favoráveis, 239 votos contrários e 4 abstenções.
A emenda apresentada pelos petistas José Genoino (SP) e Milton Temer (RS) não chegou a ser votada. O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), deu preferência para a votação da proposta do movimento pela consulta popular fundado pelo deputado Franco Montoro (PSDB-SP).
As duas propostas, no entanto, tratavam do mesmo assunto. Elas estabeleciam a realização de uma consulta popular para que a emenda que permite a reeleição do presidente, governadores e prefeitos entrasse em vigor.
"A voz rouca das ruas precisa ser ouvida", dizia o deputado José Genoino durante a votação. O plenário da Câmara estava visivelmente esvaziado quando Luís Eduardo colocou a proposta do referendo em votação. Eram 16h15.
Para forçar um maior número de votantes, partidos de oposição se declararam em obstrução até que o quórum o mínimo necessário -308 deputados- fosse atingido.
Sem esse número, a sessão seria interrompida, atrapalhando os planos do governo de concluir as votações ontem mesmo.
(DANIEL BRAMATTI e DENISE MADUEÑO)

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